Em meio a forte escolta policial, centenas de pessoas participaram nesta quinta (21) da Parada do Orgulho Gay no centro de Jerusalém, desencadeando uma barulhenta contramanifestação protagonizada por judeus ultraortodoxos e denúncias de líderes cristãos e islâmicos. Não houve episódios de violência durante o breve desfile.
Durante o curto trajeto da parada, de apenas algumas centenas de metros em pleno centro da cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos, os participantes do evento cantaram, dançaram, aplaudiram e festejaram. Mais de 7.000 policiais foram destacados para garantir a segurança do evento anual, que expõe a profunda divisão entre as comunidades religiosa e secular de Jerusalém.
Alguns dos participantes da parada gay carregavam pôsteres de Nelson Mandela e do Dalai Lama, além de cartazes como um que dizia “fora do armário para o meio da rua”.
Na contramanifestação, judeus ortodoxos vestidos com os trajes tradicionais oravam contra a parada por meio de megafones.
Os manifestantes levavam cartazes com as palavras “Vergonha” e frases contra a Suprema Corte de Israel, que não aceitou um pedido dos ortodoxos para proibir a parada. “Corte Suprema de Israel: Destruindo a cidade sagrada”, dizia uma das faixas.
Bomba caseira
Apesar de não terem ocorrido episódios de violência durante a parada, 22 policiais ficaram feridos e 130 pessoas foram detidas em incidentes ocorridos nas horas que antecederam a marcha, disse o porta-voz da polícia local Micky Rosenfeld.
Entre os detidos está um judeu ultraortodoxo de 32 anos pego com uma bomba de fabricação caseira. Interrogado, ele disse que pretendia plantar o artefato no trajeto da parada, disse Rosenfeld.
Nos últimos dias, grupos de judeus ultraortodoxos se manifestaram nas ruas de Jerusalém, lançando pedras contra os agentes e queimando latas de lixo. Quinze pessoas ficaram feridas e 24 foram detidas durante os distúrbios dos últimos dias.
Embora rotineiramente assumam posturas políticas radicalmente opostas, os líderes judeus, católicos e muçulmanos da cidade costumam ter uma postura consensual todos os anos quando a data da Parada Gay se aproxima.
Nesta quinta-feira, o xeque Mohammed Hussein denunciou a marcha e criticou o governo por permiti-la. “Este evento contradiz todas as religiões e morais, assim como a condição natural dos seres humanos”, disse ele.
A marcha anual é realizada na cidade desde 2001. Em 2005, um judeu ultraortodoxo esfaqueou e feriu três participantes do evento. O agressor acabou condenado a 12 anos de prisão. No ano passado, em meio a ameaças feitas por judeus radicais, o evento não aconteceu nas ruas de Jerusalém, mas no estádio da Universidade Hebraica da cidade. Também há uma Parada do Orgulho Gay realizada anualmente em Tel-Aviv, uma cidade mais secular. Esse evento é menos polêmico.
Fonte: Agência Estado