Comentando uma notícia apresentada pela colunista Sonia Racy, da “Agência Estado”, o pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista da Água Branca criticou abertamente os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus que prometeram em um programa de TV da denominação, ungir e abençoar canetas e fichas de inscrições de concursos públicos, para que os fiéis fossem aprovados.
Kivitz afirma que a informação da jornalista possui “uma lógica danada”. Para o pastor, a estratégia usada no programa da IURD em Brasília “é dos quintos dos infernos… Faz todo o sentido dentro da cosmovisão religiosa popularmente identificada como cristã, isto é, da subcultura sociologicamente definida como segmento religioso que se pretende cristão”.
O pastor afirma que a oferta dos pastores que ungem caneta para “concurseiro” faz sentido “para quem crê em um Deus intervencionista, que se mete no cotidiano da vida humana”.
Sem deixar passar os casos em que líderes evangélicos ungem objetos sob o argumento de abençoá-los, o pastor diz que esse tipo de coisa torna-se uma espécie de “ritual litúrgico” e afirma que o inusitado convite para ungir canetas e fichas de inscrição não está errada dentro da lógica popular, mas questiona: “O desafio é responder se essa lógica expressa de fato o Evangelho de Jesus Cristo”.
Confira no vídeo abaixo os pastores da IURD oferecendo unção para canetas e fichas de inscrição de concursos públicos:
Confira abaixo o artigo “Os pastores feiticeiros e seu evangelho pagão”, publicado pelo pastor Ed René Kivitz:
Deus resolve
Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus inovam. Pela TV, em Brasília, prometem bom desempenho em concursos públicos. O fiel só precisa levar caneta ou comprovante de inscrição ao templo para ser ungido.
O discurso? “Se Deus te iluminar, te der a direção, nada dá errado.”
[Fonte: http://blogs.estadao.com.br/sonia-racy]O pior dessa notícia é que tem uma lógica danada. Literalmente, a lógica é danada. É dos quintos dos infernos. Mas faz todo o sentido dentro da cosmovisão religiosa popularmente identificada como cristã, isto é, da subcultura sociologicamente definida como segmento religioso que se pretende cristão. Senão, observe.
. Para quem crê em um Deus intervencionista, que se mete no cotidiano da vida humana vindo de fora (de outro mundo, da sala do trono, ou sei lá de onde), qual é o problema de pedir a Deus que favoreça um dos seus filhos em um concurso público?
. Para quem acredita em unção como ritual litúrgico, e sai por aí passando óleo e azeite em portas e janelas, carros, pessoas, animais de estimação, propriedades, galpões empresariais e escritórios, e outras coisas mais, qual é o problema de ungir ritualisticamente uma caneta ou uma ficha de inscrição para um concurso público?
. Para quem acredita que Deus revela segredos aos seus filhos, fala pela boca dos profetas e dá palpite na vida dos outros, qual é o problema em pedir uma iluminação ou uma direção, tipo informação privilegiada, como ajuda para o êxito num concurso público?
. Para quem acredita que o templo é a Casa do Senhor, e que os pastores, bispos, apóstolos e patriarcas são Servos do Senhor, pessoas especiais, com uma unção especial de Deus, qual é o problema de participar dessa unção ritualística no Templo Sede Internacional e receber a benção do homem de Deus antes de atravessar o desafio de um concurso público?
. Para quem faz promessas de subir escadas de joelhos, realiza peregrinações carregando cruz nas costas, amarra fitinhas de santos no pulso, pendura no pescoço colares benzidos nos terreiros, carrega santinhos na carteira, ou participa de correntes da fé em busca de bençãos materiais e soluções para problemas circunstanciais, qual é o problema de ungir a caneta ou a inscrição para o concurso público?
Em síntese, apesar de grotesca e de causar espanto, respeitada a lógica religiosa popular cristã, não há nada de errado nessa prática noticiada pela Agência Estado. O desafio é responder se essa lógica expressa de fato o Evangelho de Jesus Cristo.
Ed René Kivitz
Fonte: Gospel+