O pastor Ricardo Gondim (foto), 54, escreveu em seu blog uma carta aberta na qual reconheceu que “os dias são bicudos”, mas não se deixará abater por seus “algozes”.
O líder da Igreja Batesda tem feito declarações que desencadearam contra ele a fúria de cristã de evangélicos devido suas opiniões forte e geralmente atacadas por protestantes.
Nas mais recentes dessas declarações, feitas à Carta Capital, Gondim se manifestou favorável à união civil de homossexuais e defendeu a laicidade do Estado. Dias depois ele foi “convidado” a interromper a coluna que escrevia havia 20 anos na revista com o sugestivo nome de Ultimato.
“Tornei-me alvo de todos os crivos”, ele escreveu. “Depois de devidamente rotulado, sinto-me dissecado, espiritual, moral e psicanaliticamente”,
Mas, em um estilo que resvala no piegas, Gondim advertiu que não concederá aos seus algozes o “privilégio de verem as lágrimas” que derrama “por escolher um caminho acidentado”.
“Meus soluços, conhecem Deus, meu travesseiro e minha mulher. Permanecerei altivo em minhas colocações. Não, não me considero uma encarnação de Quixote. Minha altivez esconde o homem claudicante, fraco mesmo. Mas, à minha fraqueza, fiquem certos senhores e senhoras da reta doutrina, vocês nunca terão o privilégio de desfrutar.”
Antes, ao site da Carta Capital, ele já tinha afirmado que se sente nos tempos da Inquisição. Agora, no blog, disse estar sendo insultado com a sugestão de que a sua fé entrou em crise.
“Reconheço, igualmente, que os rótulos de estar alinhando ao teísmo aberto, de ser liberal, humanista, ateu, para mim, não passam de simplificações de quem desejava calar-me.”
Em um trecho do texto, ele pareceu flertar com um recuo ao afirmar que não levanta a bandeira homossexual por não ser sua. Mas em seguida afirmou que continuará “levando o estandarte do direito” porque diz respeito “não só aos homossexuais, mas aos religiosos, aos ateus, aos ciganos, aos deficientes”.
“Quando a lei protege um segmento da sociedade, acaba por alcançar os que não fazem parte daquele segmento. Por que insisto em fazê-lo? Porque acredito que Jesus, o meu senhor e salvador, o faria.”
Adaptado de Paulopes