Às vezes, ser um pastor é algo muito difícil, mas poucos deles querem admitir isso. Agora, J R Briggs está tentando mudar isso.
Briggs, blogueiro e pastor da Comunidade Renovar em Lansdale, Pensilvânia, está organizando a Conferência de Pastores Epic Fail. A expressão é comum na internet para indicar um grande fracasso ou quando alguém se dá mal em uma situação.
O evento está programado para os dias 15 e 16 de abril em uma igreja que virou bar na região de Filadélfia. A escolha do local é simbólica, pois mostra o fracasso de alguns pastores que não conseguiram impedir que a igreja fechasse e fosse vendida. ”O vitral foi substituído por placas de neon anunciando cerveja e os bancos foram substituídos por mesas de bilhar”, disse Briggs.
A ideia é abrir espaço para os pastores falarem o que pensam sem medo. Tudo começou com um post publicado por Briggs em sue blog ano passado que falava sobre a limitação dos ministros.
A maioria das conferências de pastores são eventos chamativos, em lugares bonitos, com bandas de rock e palestras de pastores de igrejas grandes. Esses geralmente tomam contam do palco sobre seus grandes sucessos e conquistas.
Mas essas apresentações não corresponde à realidade cotidiana da maioria dos pastores, especialmente em pequenas igrejas. ”Na maioria das vezes, você pensa ‘Eu nunca vou ser como aquele cara no palco. Estou pregando há anos para 40 pessoas, incluindo as crianças barulhentas”, disse um dos organizadores.
Briggs espera que a conferência Epic Fail sirva para lembrar os pastores que não há problema algum em ser humano e que os fracassos fazem parte da vida. A maioria dos líderes da Bíblia, lembra ele, tiveram muitas falhas.
Davi foi um adúltero que traiu um amigo. Moisés cometeu um assassinato. Paulo perseguia os cristãos antes de sua conversão. E os discípulos sempre estavam fazendo algo que desagradava Jesus.
“O verdadeiro teste para o cristianismo é admitir que você é um fracasso”, disse Briggs. “Mas muitas vezes espera-se que os pastores sejam perfeitos. Isso significa que eles não podem admitir que tem dúvidas ou que cometem erros. Se fizerem isso, eles podem ser humilhados por seus colegas e pelos membros de suas igrejas… Eu não temo o fracasso”, disse Briggs. ”Tenho é medo da vergonha que vem da rejeição em consequência do fracasso.”
Após Briggs sugerir que faria essa conferência, a resposta foi surpreendente. Centenas de comentários, e-mails e telefonemas de ministros de vários estados americanos, e inclusive de outros países, pedindo mais detalhes. Então, uma ideia casual de um texto de blog se tornou realidade. Por isso decidiram abrir não só para pastores, mas todo líder interessado.
A conferência tem um custo baixo, US$ 79, não incluindo a hospedagem. Tudo será muito simples. Vários pastores vão falar sobre seus fracassos e as lições que aprenderam com eles, e haverá um tempo para debates. Os nomes dos oradores não foram revelados, mas a organização tem insistido que os oradores ficarão até o final do evento, ao invés de apenas pregar e ir embora logo em seguida. E que alguns nomes poderão surpreender por serem bem conhecidos em alguns meios cristãos.
A verdade é que em algumas denominações há mais ministros procurando igrejas que o contrário. Muitas igrejas tem orçamentos apertados, e muitas igrejas pequenas têm dificuldade para contar com um pastor em tempo integral.
Admitir seus fracassos em geral não é visto pelos fiéis como um bom exemplo, denotando falta de sabedoria ou de bênção divina.
Scot McKnight, blogueiro e professor de Novo Testamento na Universidade North Park, em Chicago, não está surpreso com essa abordagem diferente. Ele diz que o ministério pode ser especialmente difícil para os pastores das igrejas independentes que não têm a estrutura ou apoio que uma denominação pode proporcionar.
McKnight, porém, vê sinais de esperança. Para ele os membros mais velhos da igreja esperam de seus pastores para ser perfeito. Isso nem sempre ocorre com com os mais jovens. ”Na geração anterior, houve muita ênfase que o pastor devia ser distante, reservado e santo. Suas falhas eram visto como um sinal de traição. Esta nova geração entende que o fracasso é parte da tarefa pastoral”, conclui.
Fonte: Pavablog