Metade dos jovens cristãos deixam de freqüentar suas igrejas quando chegam na adolescência.
Os motivos para esse fenômeno foram alvo de um estudo que foi divulgado pelo Grupo Barna, aponta as seis principais razões que afastam esses jovens de suas igrejas.
O estudo foi feito a partir de entrevistas ao longo de cinco anos com adolescentes, jovens adultos, jovens pastores, pastores titulares e pais. O primeiro fator que afasta os jovens é o cuidado excessivo da igreja com as questões cotidianas. 25% dos entrevistados com idade entre 18 a 29 anos afirmaram que “os cristãos demonizam tudo fora da igreja. 22% também demonstraram incômodos com a postura da igreja em relação a não se preocupar com os problemas do mundo e18% afirmaram que as igrejas acabam desviando-se do seu objetivo ao censurar conteúdos de entretenimento, como por exemplo, filmes, música e jogos de vídeo.
Muitos jovens adultos reclamaram também da superficialidade com que as igrejas os conduziram em suas experiências no cristianismo. Afirmaram que as experiências vividas nas igrejas não eram profundas, e não os motivava para assumir a mensagem cristã como um estilo de vida. 33% dos entrevistados disseram que em seu ponto de vista, a “a igreja é chata.” A ausência de experiências com Deus no dia a dia foi citada por 20% dos entrevistados.
Esse estudo descobriu que muitos jovens discordam da forma como as igrejas se posicionam sobre assuntos ligados à ciência. A postura da igreja parece pré-disposta a ser contrária às descobertas científicas na visão deles. A prepotência incomoda mais de 30% dos entrevistados e esses afirmaram que “os cristãos são muito confiantes de que sabem todas as respostas”. Alguns deles chegaram a dizer que para eles, “o cristianismo é anti-ciência”.
Como não poderia deixar de constar, o assunto sexo é uma dessas questões que afastam os jovens, porque na visão deles, as igrejas são displicentes. 17% dos jovens que participaram do estudo afirmaram que “quando cometem erros sentem-se julgados pela igreja por causa deles”. 20% dos jovens adultos afirmaram que a metodologia e ensinamento das Igrejas sobre o assunto sexo estão “fora de época.”
O quinto principal motivo que afasta o jovem cristão da igreja é a arrogância das igrejas em relação às outras religiões. O exclusivismo imposto pelo cristianismo e o aparente menosprezo às outras crenças foi citado por 29% dos jovens. Para eles, “as igrejas têm medo da ideologia pregada por outras religiões” e sentem que têm que escolher entre seus amigos e sua fé.
O último grande motivo que afasta os jovens das igrejas é a forma hostil com que as dúvidas a respeito de Deus são tratadas, segundo o estudo. A pesquisa apontou que mais de um terço dos entrevistados afirmaram sentirem-se proibidos de questionar a igreja sobre coisas que são urgentes em suas vidas e 23% afirmaram terem “dúvidas significativas sobre sua fé”.
O presidente do Barna Group, David Kinnaman, escreveu um livro sobre os resultados obtidos pelo estudo: Você me Perdeu: Por que os cristãos jovens estão Saindo da Igreja e Repensando a Igreja, em uma tradução livre. Segundo Kinnaman, uma parte do problema está no fato de que muitas igrejas não se modernizaram na forma de transmitir o evangelho e lidar com as questões atuais, e continuam orientando no modo “tradicional” os jovens do século 21.
David Kinnaman destaca ainda uma outra importante mudança de comportamento: “a maioria dos jovens adultos já não querem seguir o caminho normal de sair de casa, após receber uma educação, encontrar um emprego, casar e ter filhos, tudo antes da idade de 30. Estes eventos de vida estão sendo adiados, reordenados, e às vezes empurrando-os para fora do contexto que as igrejas pregam como ideal”.
O estudo frisa que os jovens do século 21 são influenciados de forma significativa por grandes mudanças sociais, espirituais e tecnológicas que ocorreram no último quarto de século. “Conseqüentemente, as igrejas não estão preparadas para lidar com a ‘nova normalidade’. Em vez disso, os líderes da igreja estão trabalhando de maneira despercebida com os jovens, adultos casados, e especialmente aqueles casais com filhos. Não se dão conta que o mundo dos jovens adultos está mudando de maneira rápida e significativa, como o seu acesso fácil com o mundo e visões de mundo através da tecnologia, sua alienação de várias instituições, e seu ceticismo em relação a fontes externas de autoridade, incluindo o cristianismo e a Bíblia”, afirma o relatório do estudo.
Em outro trecho, o relatório aponta um engessamento das igrejas: “a maioria de nossas igrejas é composta de jovens de 20, 30 e 40 anos – devido a isso os nossos líderes têm a mesma mentalidade que algumas das pessoas mais jovens que frequentam a igreja e acabam tratando os mais jovens de uma maneira superficial, sem autenticidade, respondendo as dúvidas que surgem de forma inadequada, transmitindo a sensação de que as igrejas são contrárias a discussões, ciência e etc.”.
Kinnaman cita a Bíblia em uma observação: “como diz a Escritura, e acreditamos nela, Jesus está levantado os jovens para que eles o adorem, e eles também devem sentir-se atraídos por ele… por isso vamos pregar o evangelho de uma forma que eles possam participar”. Ele ainda observou que “em muitas igrejas as gerações são tratadas como hierarquias, ao invés de implantarem uma equipe de verdade, com fieis de todas as idades, cultivando relacionamentos entre as gerações”. Para David Kinnaman, o melhor seria uma mudança de metodologia: “isto é, toda a comunidade de fé, ao longo da vida inteira, trabalhando juntos para cumprir os propósitos de Deus”.
Fonte: Gospel+