Semana passada, recebi por e-mail o texto do Reverendo Ézio, de Brasília, com o número dos bispos, pastores e obreiros de igrejas evangélicas envolvidos no esquema de compra de ambulâncias superfaturadas. Dos 90 parlamentares citados pela CPI das sanguessugas, 30 são evangélicos, ou seja, dizem que seguem o evangelho de Jesus Cristo.
A maioria dos políticos evangélicos, ideologicamente, é considerada de direita, mas a questão não é essa, até porque vimos políticos de esquerda também notificados pela Comissão Parlamentar. A questão é de caráter, porque, como cristãos, deveriam dar bom exemplo de conduta, principalmente na política.
Não me impressionei ao ver no texto promotor de Justiça, pecuaristas, militar reformado e médico envolvidos no esquema, mas parlamentares da frente evangélica, com a chamada “eleição dos homens de Deus”, não dá para suportar. O poder corrompe, mesmo!
Vou citar algumas denominações que possuem parlamentares ligados às denúncias na CPI das sanguessugas. A idéia não é ofender as igrejas com políticos envolvidos, mas relembrar que elas não podem servir de partidos políticos e dar sustentação a homens que utilizam a palavra de Deus para enriquecimento ilícito. São elas: Universal do Reino de Deus; Assembléia de Deus; Igreja do Evangelho Quadrangular; Igreja Internacional da Graça e Igreja Batista. As igrejas ocupam papel fundamental no resgate de pessoas para o Reino de Deus e, dessa forma, devem tomar posições radicais contra a atitude de seus membros.
Ao serem acusados, não só os evangélicos, mas todos os envolvidos reagem com a afirmação de que são vítimas, alguns até devem ser, e compor a lista pode não significar que tenham culpa no processo. Sabemos das perseguições políticas, religiosas, oposicionistas; que fazem parte da rotina do Congresso, mas o que escandaliza, no caso dos evangélicos, é a freqüência do envolvimento com a corrupção.
Outubro está aí e o voto ainda é o único instrumento democrático que pode ser utilizado pelo povo para escolher quem o representará nos governos e parlamentos. E a questão de caráter deve ser o perfil não só dos escolhidos, mas também de quem escolhe.
Acredito nas pessoas e nas boas intenções dos homens de Deus que querem seguir esse caminho, mas creio mais em Jesus que quer de nós um comportamento baseado não no julgamento, mas na retidão e na justiça. Portanto, vamos tentar conhecer ao máximo o caráter dos nossos escolhidos para fazermos boas escolhas, essa é a nossa tarefa.
(*) Graziela Moura é jornalista.
Fonte: Campo Grande News