Você compraria uma bíblia de Rupert Murdoch, presidente do conglomerado News Corp, envolvido no escândalo de escutas telefônicas? Pois ao menos 300 milhões de pessoas em todo mundo já compraram.
Isso porque o império do empresário nos países em que o inglês é a língua oficial inclui não apenas os tabloides envolvidos no escândalo dos grampos telefônicos, como a Fox News e o The Wall Street Journal, mas também a Zondervan, a maior editora de bíblias de todo o mundo. Por 23 anos a família News Corp inclui entre suas empresas a editora.
A Zondervan é proprietária exclusiva dos direitos de impressão na América do Norte da popular “New International Version of the Bible” (Nova Versão Internacional da Bíblia), a qual já vendeu 300 milhões de cópias em todo o mundo.
A companhia também publica livros de autores cristãos líderes em vendas, como Rick Warren (mais de 30 milhões de cópias em Purpose Driven Lifehave), Tim LaHaye, Jim Wallis, Eugene Peterson, Brian McLaren e Shane Claiborne.
O jornalista Will Braun, da revista especializada Geez, ironiza no blog Holy Moly que talvez este seja um pequenino gesto redentor de Murdoch que, segundo ele, “foi premiado com o título de cavaleiro papalpelo Papa João Paulo II em 1998.”
“É um título honorífico dado a pessoas de ‘caráter sem mácula’, incluindo os não-católicos, que trabalharam para o bem da sociedade”, afirma Braun.
Na opinião do jornalista especializado, o link é muito tênue para um mundo com problemas maiores do que a ética da publicação da Bíblia.
“Acredito que não deveria haver nenhuma ligação. (…) Não precisamos aceitar este arranjo. O cristianismo não precisa ser sobre o melhor e maior negócio. Boas notícias não requerem a ajuda de um império sem escrúpulos.”
Fonte: Época Negócios