Num texto de apenas 15 páginas, a Igreja Católica reacendeu ontem uma antiga polêmica. Na tentativa de encerrar uma discussão iniciada nos anos 60, o Vaticano reafirmou que “o compromisso ecumênico não significa que a Igreja Católica renuncie à convicção de ser a única e verdadeira Igreja de Cristo”. A reivindicação provocou protestos das outras igrejas cristãs e medo do crescimento do sentimento “anticatólico”.
Para o pastor Leonildo Silveira Campos, da Igreja Presbiteriana Independente, o documento, — divulgado ontem para esclarecer diferentes interpretações do Concílio Vaticano II — é um retrocesso e atrapalha o diálogo ecumênico. “O texto vai desencadear anticatolicismo maior nos meios cristãos onde ele já existe, e despertar grupos contra o diálogo com católicos”, avalia o pastor, professor de ciência em religião.
Mozart Noronha, pastor da Igreja Luterana, também acredita em retrocesso. “O Espírito Santo não é privilégio da Igreja Católica”, avalia Noronha.
Doutrinas protestantes não poderiam ser definidas como Igrejas, diz o documento. Segundo o Vaticano, por não conservaram o sacramento da Ordem, e não respeitarem “integralmente” a Eucaristia, elas são só “comunidades cristãs”.
No polêmico texto, também criticado pela Federação das Igrejas Evangélicas na Itália, sobrou até para o teólogo Leonardo Boff, punido pelo atual papa Bento XVI quando era o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Uma interpretação do brasileiro é citada como exemplo de equívoco, quando diz que a Igreja de Cristo “poderia subsistir em outras igrejas cristãs”.
Fonte: O Dia Online