ISTAMBUL – Homens armados invadiram uma editora que distribui Bíblias na Turquia e mataram três pessoas nesta quarta-feira, 18, no mais recente ataque contra a minoria cristã do país onde os muçulmanos são 99% da população.
As três vítimas foram encontradas com os pés e mãos atados e a garganta cortada na editora Zirve, em Malatya, centro-oriental da Turquia, informou o governador, Ibrahim Dasoz.
Uma das vítimas ainda foi levada com vida para um hospital, onde veio a falecer. Duas das vítimas eram turcos, e a terceira, alemão.
Um quarto homem que pulou pela janela para escapar foi hospitalizado com traumatismo craniano, e a polícia acredita que ele seja um dos atacantes. Outros quatro suspeitos foram detidos.
A agência oficial de notícias Anatólia informou que todos os cinco suspeitos – com idade entre 19 e 20 anos – se preparavam para exames de seleção para universidades e moravam numa mesma república estudantil.
Todos carregavam bilhetes dizendo: “Nós cinco somos irmãos. Vamos para a nossa morte. Podemos não voltar”, segundo a Anatólia.
Nacionalistas vinham protestando recentemente na frente da editora Zirve, acusando-a de proselitismo. Malatya é um bastião de nacionalistas na Turquia e cidade natal de Mehmet Ali Agca, o turco que baleou o papa João Paulo Segundo em 1981.
Anticristianismo
Ataques viraram mais comuns contra membros da comunidade cristã na Turquia. Existem preocupações sobre o crescente nacionalismo e hostilidade contra os não muçulmanos.
Em fevereiro de 2006, um adolescente turco matou a tiros um padre da Igreja Católica Romana. No começo deste ano, um suspeito de nacionalismo matou o jornalista Hrant Dirk, cristão armênio.
“Esses são fanáticos que continuam presentes na Turquia e que emergem, agora, em atos de violência absurda”, disse o Monsenhor Luigi Padovese, representante do Vaticano na Turquia, segundo informações da agência estatal italiana Ansa.
“Infelizmente, a situação é muito difícil e perigosa, mas a Igreja Católica Romana continua a trabalhar como sempre,” disse Padovese. “De qualquer maneira, as autoridades turcas têm a consciência de que algo muito perigoso está em movimento na Turquia”.
Fonte: Estadão