O Wikileaks, organização internacional que divulga informações secretas, teve acesso exclusivo a um documento com conversas entre o Vaticano e o Governo dos Estados Unidos. O texto detalha a preocupação dos católicos com o crescente número de evangélicos no Brasil e revela, ainda, que o Papa João Paulo II classificou como “sinistra” a “atividade evangélica” no país.
O documento, enviado a Washington em maio de 2007 — pouco antes da primeira visita do Papa Bento XVI em terra brasileira — traz declarações do diplomata americano Francis Rooney. Em conversas com membros do Vaticano, Rooney soube do crescimento evangélico no país.
Sem revelar fontes, o documento diz que o Papa João Paulo II descreveu as atividades evangélicas como “sinistras” e que uma das principais tarefas de Bento XVI seria despertar a comunidade católica e encorajar a resistência ao que João Paulo II teria chamado de “caçada por seitas”.
À época da visita de João Paulo II ao Brasil, os católicos eram 89% da população; no Censo de 2000 realizado pelo IBGE, o percentual havia caído para 74% — segundo pesquisa da DataFolha, o número de católicos segue em queda livre: em 2007, o grupo representava 64% da população brasileira.
“A cada ano, milhões de católicos latino-americanos deixam suas igrejas para se juntar a congregações evangélicas incentivados pelos pastores destes novos rebanhos”, afirma o documento, expondo a preocupação do Vaticano com o protestantismo brasileiro.
O texto analisa também que, enquanto a Igreja Católica concentra-se em “salvar almas”, muitas igrejas evangélicas fazem o possível apenas para matar a sede latino-americana para o “misticismo”.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não quis comentar o documento.
Fonte: Gospel+