Os dias turbulentos vividos pela França por conta dos protestos populares são um sinal do “despertar islâmico” que o país estaria vivendo. A avaliação foi feita pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Essa avaliação foi compartilhada com a mídia internacional pelo chefe do Poder Judiciário da República Islâmica do Irã, aiatolá Sadegh Amoli Larijani. Ele observou que Khamenei havia previsto anos atrás que um despertar islâmico iria além dos países muçulmanos e chegaria à Europa.
Embora Larijani não tenha se aprofundado em como os protestos estão relacionados ao islamismo, fato é que trabalhadores e jovens muçulmanos na França se engajaram em numerosos protestos violentos na última década, e no Egito, os meios de comunicação afiliados ao regime do presidente egípcio ‘Abd Al-Fattah Al-Sisi afirmam que a Irmandade Muçulmana está envolvida nos protestos franceses.
Reportagens em jornais egípcios e na televisão afirmam que ativistas clandestinos da Irmandade Muçulmana se infiltraram nas fileiras dos manifestantes franceses, espalhando violência, saques e vandalismo em todo o país, segundo o Middle East Media Research Institute. Diversos veículos de comunicação no Egito comparam a suposta participação da Irmandade em protestos franceses com os protestos de 2011 no país, que acabaram por derrubar o regime do presidente Hosni Mubarak.
De acordo com informações do portal WND, a Irmandade Muçulmana negou todo o envolvimento nos protestos franceses, acusando o regime egípcio de tentar prejudicar sua reputação e incitar o Ocidente contra ela.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã disse a repórteres em 3 de dezembro que a França deveria “mostrar moderação” ao lidar com os manifestantes, o que motivou uma resposta dura dos franceses, dizendo que o Irã não deveria interferir em seus assuntos internos.
No domingo, o ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad também twittou que a França deveria ouvir os manifestantes. “O principal objetivo de um governo é satisfazer as demandas dos cidadãos? Esses manifestantes são os mesmos cidadãos. Ouça suas demandas e cumpra-as da melhor maneira possível. Certamente, nenhum poder tem a capacidade de se opor ao povo”, afirmou Ahmadinejad.
Toda essa mobilização de líderes políticos e religiosos iranianos sobre os protestos na França evidenciam o claro interesse dos muçulmanos na situação. Em comparação, a Rádio Farda observou que o regime do Irã tem usado força esmagadora em muitas ocasiões para suprimir os protestos.
Em 2009, dezenas de manifestantes foram mortos e centenas presos, onde vários morreram, enquanto os que foram libertados alegaram tortura e outros tratamentos desumanos. Em 2017, protestos realizados no Irã ficaram marcados pela morte de 25 pessoas e a prisão de outras cinco mil.
O presidente francês, Emmanuel Macron dirigiu-se aos manifestantes na última terça-feira, 11 de dezembro, com a promessa de aumentar o salário mínimo e eliminar os impostos sobre o pagamento de horas extras, e a garantia de isentar os aposentados que ganham menos de € 2 mil mensais (R$ 8.844,40 na cotação da terça) do aumento de impostos previdenciários.