O pastor Silas Malafaia está pessoalmente comprometido em contornar os obstáculos impostos pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a sabatina do “terrivelmente evangélico” André Mendonça.
O pastor André Mendonça foi o indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal (STF).
Alcolumbre, que desde antes da indicação formal dava sinais de que criaria dificuldades para o nome escolhido pelo presidente, preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, e decidiu paralisar o andamento do trâmite para que Mendonça seja sabatinado e votado.
Diante do impasse, Malafaia deverá visitar Alcolumbre em Brasília na próxima quarta-feira, 25 de agosto, para convencer o senador a deixar de lado suas rusgas com Bolsonaro e dar prosseguimento aos trâmites que poderão levar o primeiro pastor ao cargo de ministro do STF.
“Estarei em Brasília de quarta a sexta para falar com o senador Davi Alcolumbre. Sempre nos demos bem, ele é de um estado, o Amapá, com cerca de 40% da população composta por evangélicos”, disse Malafaia.
A frase do pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo sobre a população evangélica do Amapá é uma referência às eleições de 2022, quando o mandato de Alcolumbre chega ao fim e apenas uma vaga por estado estará em jogo. O recado é claro: se o ex-presidente do Senado se opor à indicação do “terrivelmente evangélico”, a resposta pode vir das urnas.
Birra
De acordo com informações do jornal O Globo, Alcolumbre já havia sido convencido a pautar a indicação do pastor André Mendonça durante uma conversa com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Entretanto, após Bolsonaro apresentar um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Alcolumbre decidiu retaliar, segurando o andamento da indicação de Mendonça.
Durante o mandato de Alcolumbre na presidência do Senado, outros pedidos de impeachment apresentados contra ministros do STF foram ignorados.
Oficialmente, Alcolumbre diz que a decisão de Bolsonaro de pedir a investigação de um ministro do STF é uma “afronta” e quebrou o clima de votar uma indicação para a Corte.
Pressão
Senadores que integram a CCJ do Senado têm sido críticos à maneira como Alcolumbre conduz o colegiado, por conta das poucas reuniões realizadas. A decisão de atrasar a sabatina de Mendonça só fez esse clima piorar.
Esperidião Amim (PP-SC), membro titular da comissão, declarou voto favorável ao jurista “terrivelmente evangélico” e reclamou da falta de reuniões na comissão. “Vou votar a favor de André Mendonça pelos méritos humanos e formais dele”, disse.
Outros senadores, como os que integram as bancadas de PSD, DEM, PL e PSC, também se posicionaram pró-Mendonça: “Acho ele uma pessoa preparada, de bom trato. Se movimentos políticos do presidente atrapalham ou não, vamos acompanhar. Temos que respeitar a autonomia do presidente, seja ele quem for, nessa indicação como foi respeitada no passado”, afirmou Carlos Portinho (PL-RJ), suplente da CCJ, de acordo com informações da CNN.