Os protestos pelas palavras do Papa Bento 16 sobre o Islã continuaram nesta segunda-feira no mundo muçulmano com ameaças da rede Al-Qaeda, manifestações pacíficas e pedidos oficiais de explicações da parte de autoridades de vários países ofendidos pelo discurso do pontífice.
As violentas ameaças foram provenientes principalmente de grupos vinculados com a Al-Qaeda. A célula iraquiana da organização liderada por Osama Bin Laden prometeu continuar com a Jihad (guerra santa) até a “derrota” do Ocidente, em resposta à “difamação” ao islamismo e à Jihad feitas pelo papa Bento 16.
“Suas declarações são uma mobilização em favor da Cruzada declarada por Bush”, acrescenta o comunicado da organização, que reúne oito grupos armados, afirma a mensagem intitulada “Comunicado sobre a difamação do Papa dos cristãos contra nosso profeta” publicada nesta segunda na Internet.
“Dizemos aos infiéis e aos tiranos: devem esperar o sofrimento. Nós continuaremos com nossa jihad. Não nos deteremos até que a bandeira da unicidade (do Deus islâmico, ndr) flutue em todo o mundo”, afirma o texto.
Também foi publicado na Internet um novo comunicado do grupo Ansar al Sunna, membro da Al-Qaeda, com ameaças aos ocidentais e especialmente Roma.
“Está próximo o dia em que os exércitos do Islã destruirão os muros de Roma”, diz a mensagem, dirigida aos “cruzados”, firmado pelo grupo que reivindicou inúmeros atentados e execuções de reféns no Iraque.
Entretanto, muitas manifestações ocorreram no Irã e Iraque. Em Basra, sul do Iraque, uma imagem do papa Bento XVI e bandeiras norte-americanas e alemãs foram queimadas como protesto contra as afirmações do Papa.
Os manifestantes, cerca de 500 pessoas que exigiam as desculpas do pontífice, responderam ao chamado de um chefe religioso xiita, Mahmoud Al-Hassani, reunindo-se em frente à sede do governo de Basra.
O discurso de Bento 16 também foi criticado em uma mensagem pelo rei do Marrocos, Mohamed VI, que afirmou que “o Islã honra a razão e pratica a tolerância, e o Papa deveria respeitar esses valores da religião islâmica”.
Na mensagem, enviada no sábado e difundida hoje pela agência Map, o monarca reiterou que “o Islã prega a paz e a moderação, e rejeita, por outro lado, a violência, permanecendo através da história como um raio de luz, portador de uma mensagem de tolerância religiosa”.
O Papa também foi denunciado na Turquia por um cidadão de Bursa, Nerettin Yenturk, e um advogado de Ancara, Fikret Karabekmez, que apresentou à Procuradoria local uma denúncia contra o Bento XVI por suas afirmações sobre o Islamismo e sobre o profeta Maomé, as quais considerou ofensivas.
Fonte: Bom Dia Bauru