Rodrigo Silva, teólogo brasileiro especialista em arqueologia bíblica, é um dos principais consultores que a RecordTV contratou para a produção da “novela bíblica” Gênesis, que vem sendo o maior sucesso da emissora. Em um vídeo recente sobre o assunto, ele falou a respeito da localização do Jardim do Éden.
“Se a história do Éden não fosse verdadeira, então nada na Bíblia faria sentido, porque todo o contexto da Salvação se baseia no pecado original que ocorreu num jardim chamado Éden”, comentou Silva. “A história de Adão parece um tanto estranha ao senso comum – pois não vemos no mundo real, nada que lembre o ambiente edênico que a Bíblia descreve. Mas, isso não quer dizer que não tenha existido de fato”, acrescentou, em entrevista ao portal Guia-me.
Um detalhe importante sublinhado pelo especialista em arqueologia bíblica é que o Éden era uma região ampla, onde Deus criou um jardim: “E o jardim também passou a se chamar Éden. Quer dizer que a região é maior do que o jardim. Tanto que a Bíblia diz que ‘no Éden existia um rio que irrigava o jardim’. A nascente desse rio não ficava dentro do jardim”, ponderou.
E a localização?
Na geografia atual não há, no Oriente Médio, nenhuma região que seja marcada pela presença de quatro rios que se originem de um só, esclareceu Rodrigo Silva no vídeo publicado em seu canal no Youtube.
Ele também pontua que o evento do dilúvio contribuiu para mudanças no terreno, o que pode ter tornado impossível a descoberta da localização exata da região do Éden.
“A Bíblia fala de um dilúvio que destruiu toda a terra, isso quer dizer que não ficou nada da geografia pré-diluviana […] Mas alguns ainda acham que o jardim do Éden ficava no golfo Pérsico, Turquia, Irã, Pérsia, Etiópia ou até Jerusalém. Mas não dá para saber. Alguns estudiosos imaginam que, mesmo com a configuração atual, provavelmente, o local dessa região do Éden estaria no que chamamos hoje de Oriente Médio ou Crescente Fértil”, comentou, fazendo referência à área que compreende a Palestina, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Chipre e partes da Síria, Iraque, Egito, o sudeste da Turquia e sudoeste do Irã.
“Sendo assim, não existe uma localização precisa do jardim”, enfatizou o teólogo e arqueólogo. “Podemos trabalhar com a ideia de que o dilúvio, como uma catástrofe global, causou a quebra da pangeia [única massa continental], tsunamis, grandes alagamentos e fissuras nas pedras”, continuou, explicando os motivos da dificuldade de se chegar a um consenso sobre o tema.
Um fato comum na história conhecida da humanidade é o hábito de povos reutilizarem nomes antigos em assentamentos ocupados depois de mudanças forçadas: “Posso entender que aqueles primeiros habitantes da Mesopotâmia, conscientes da condição de seus ancestrais, vindos de Noé, rebatizaram aqueles dois rios, Tigres e Eufrates, porque seus ancestrais contavam sobre eles na época do antigo Éden”, cogitou.
Gênesis
A novela da RecordTV vem se consolidando como o maior sucesso da série de produções inspiradas na Bíblia Sagrada. Anos antes, a principal concorrente da emissora já havia mencionado o Jardim do Éden na novela Em Família para sugerir que a existência do sexo se deve à influência da serpente sobre Eva.
Até a estreia de Gênesis, o recorde de audiência média pertencia a Os Dez Mandamentos, que se tornou filme posteriormente, com 12 na medição do Ibope na Região Metropolitana de São Paulo. Agora, a emissora do bispo Edir Macedo vem conquistando 15,1 pontos, nove a mais que o SBT e 12 a menos que a TV Globo, líder isolada.
De acordo com informações do Notícias da TV, o Painel Nacional de Televisão (PNT) – que avalia o desempenho das 15 maiores regiões metropolitanas do país – o folhetim da RecordTV marcou 14,7 pontos de média, contra 24,6 da Globo e 5,5 do SBT.