Instituto Humanitas Unisinos reproduziu um artigo que faz uma análise de um discurso do Papa Bento XVI em que o líder católico destacou a liberdade religiosa com ênfase nos cristãos perseguidos em todo o mundo. A análise foi feita por John L. Allen Jr., publicada no sítio National Catholic Reporter, 13-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O primeiro mito combatido pelo texto é o de que “os cristãos são vulneráveis apenas quando são minoria”. Para combater essa ideia, o artigo cita como exemplo que entre os católicos, dos “26 que perderam suas vidas em 2011, apenas um morreu em um país onde os cristãos são uma minoria: o padre salesiano Marek Rybinski, morto na Tunísia, em fevereiro”. E cita ainda que a Colômbia, sexto maior país cristão do mundo, foi lugar mais perigoso do mundo para ser um agente de pastoral católico em 2011.
“Em qualquer lugar em que os cristãos professam a sua fé abertamente, tomam posições contra a injustiça ou se colocam em perigo por causa do Evangelho, eles estão em risco – seja qual for a demografia religiosa do lugar”, conclui.
O mito de que toda perseguição a cristãos é relacionada ao islamismo foi outro ponto abordado. Apesar de uma grande parcela de perseguidores do cristianismo serem realmente muçulmanos, foram lembradas outras fontes de animosidade anticristã, entre as quais podemos destacar: o ultranacionalismo (como na Turquia, onde nacionalistas extremistas tendem a ser uma ameaça maior do que os islamistas), os Estados totalitários, especialmente do âmbito comunista (China, Coreia do Norte), o radicalismo hindu e budista, o crime organizado, interesses corporativos e até mesmo a perseguição de grupos cristãos que seguem linhas teológicas diferentes.
“Ninguém a viu chegar”. A chamada do terceiro tópico alerta para o fato de que os atos de violência decorrentes da perseguição religiosa não são imprevisíveis, e podem ser prevenidos.
Combatendo o mito de que “só é perseguição se os motivos forem religiosos”, o texto destaca que “muitos teólogos acreditam que o martírio deveria incluir não apenas as mortes por ódio à fé, mas também o ódio a virtudes essenciais para a fé”.
Por fim o texto cita o mito de que “a perseguição anticristã é uma questão da direita”, afirmando que a posição política não tem um peso tão grande nesses casos como já teve no passado em países como os Estados Unidos, e conclui dizendo que “defender os cristãos perseguidos dificilmente é um esforço que deve preocupar apenas a direita política e teológica. Delinear a perseguição anticristã como um jogo político não é apenas uma obscenidade, mas também factualmente impreciso”.
Fonte: Gospel+