A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) planeja que em cada cidade do Brasil ao menos um candidato a vereador filiado à denominação seja eleito em 2012.
A projeção foi feita pelo pastor Lélis Washington Marinhos, presidente do conselho político nacional da CGADB: “Temos igrejas em 95% dos municípios e isso favorece a divulgação dos candidatos. Nosso projeto é ter um vereador em cada cidade do país”, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo.
A Assembleia de Deus é a igreja que mais cresce em todo o país, de acordo com informações do Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o relatório, do total de 42 milhões de fiéis evangélicos, 12 milhões são assembleianos.
As pretensões políticas, no entanto, apesar de ousadas, não são completamente orquestradas: “No Estado de São Paulo, monitoramos 250 candidatos a vereador. Mas, além deles, muitos outros membros da igreja entraram na disputa sem o nosso conhecimento, por iniciativa própria”, revela o pastor Lélis. Outro fator é a divisão da estratégia política das Assembleias de Deus, entre CGADB e a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil (Conamad), popularmente chamada de Ministério de Madureira. Embora atuem separadamente nas campanhas, no Congresso Nacional os parlamentares ligados a esses blocos agem em conjunto na bancada evagélica.
O cientista político Cesar Romero Jacob afirma que as Assembleias de Deus tem postura diferente das demais denominações pentecostais, o que resulta em maior credibilidade junto aos fiéis: “A Assembleia de Deus atrai fiéis com o discurso da austeridade, a defesa da família, enquanto outras igrejas pentecostais apostam na teologia da prosperidade, a promessa de melhoria de vida. Na ausência do Estado, onde a população não tem acesso à educação ou saúde, vivendo amedrontada pela violência, a igreja é o espaço que oferece um tipo de segurança a essas famílias”, aponta.
O pastor Abner Ferreira, um dos líderes na Conamad, aponta a mudança de mentalidade da liderança e dos fiéis como um dos fatores que podem determinar o crescimento do poderio político, além da pluralidade partidária na denominação: “A mentalidade mudou nos últimos 20 anos. Antigamente, ouvir rádio ou ver TV era considerado pecado. Hoje entendemos que são dois veículos extraordinários para a pregação do evangelho […]Nós não temos apenas um líder. A igreja não é centralizada na figura de uma só pessoa. O objetivo é formar líderes para chegar onde o povo está. Por isso em qualquer gueto tem um templo da Assembleia de Deus”, ressalta Ferreira.