A geração que concluiu a popularização do funk carioca em todo o Brasil, no meio da década passada, teve entre os protagonistas o MC Bola de Fogo e seu hit Atoladinha, de 2005. Hoje, 13 anos depois, o ex-MC está convertido ao Evangelho, comanda uma clínica de reabilitação no Espírito Santo e trocou as drogas por palestras.
Bruno Lucena, 38 anos, abandonou a vida que o tornou conhecido como MC Bola de Fogo, mas não abandonou a história. Pelo contrário: a usa como base em suas palestras em escolas, presídios e igrejas.
Convertido ao Evangelho há oito anos, Bola de Fogo dirige uma clínica de reabilitação de dependentes químicos em Guarapari, onde 47 pessoas são atendidas e acompanhadas por psicólogo, nutricionista e outros profissionais da área da saúde.
De acordo com informações do portal Gazeta Online, o ex-MC revela que se cansou “da vida desregrada, fora da lei e sem salvação”, e logo depois, descobriu o Evangelho. Como todo artista tende a fazer inicialmente, chegou a lançar um CD de funk gospel, “Bruno Resgatado”, mas seu foco mesmo é o trabalho de combate às drogas.
Muito dessa motivação vem da própria história de abuso das substâncias proibidas e do álcool, que começou aos 14 anos de idade. “Cansei. Não aguentava mais o cansaço que a droga causava no meu corpo. Nesse meio de funk, é muito comum as festas, por exemplo, serem regadas a álcool, drogas e prostituição. Acabei me envolvendo e me arrependo disso”, afirmou.
“É muito difícil largar a droga. Mas é o que eu digo sempre na clínica: se conseguirmos ajudar uma pessoa, já está valendo”, contextualiza, revelando que, em média, apenas três pessoas a cada dez dependentes conseguem se livrar do vício.
Mesmo com tantas má lembranças e arrependimento, Bola de Fogo não quer que nenhum episódio de seu passado seja apagado: “Sinto por não ter recusado certas coisas e por ter feito outras, mas, não dá para apagar simplesmente […] Eu tive que passar por tudo que eu passei para conseguir entender tudo o que eu tenho na cabeça hoje. Acho que faz parte. E que bom que comecei a cantar novo. Por um lado, foi bom”, avaliou.
Seu trabalho social é também sua fonte de renda, o que garante a possibilidade de se dedicar completamente à iniciativa: “Apesar de também fazer palestras em escolas, presídios e até em favelas, vivo do que ganho com o centro de reabilitação”, explicou, acrescentando que mantém ações nas favelas do Rio de Janeiro, mesmo morando no ES, em associação com pastores locais. “Também faço questão de levar para esse pessoal a minha história”, finalizou.