O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) vai entregar tudo que sabe sobre os escândalos da política nacional. Essa é a convicção do cabo Daciolo (PCdoB-RJ), após ter um sonho que ele garante ser uma revelação divina.
No último dia 11 de julho, terça-feira passada, Daciolo usou a oportunidade da palavra no Plenário da Câmara para dizer que diantes antes havia tido um sonho com Cunha, e que já tinha enviado ofício ao diretor do Complexo Médico Penal em Curitiba (PR) pedindo autorização para visitar o ex-presidente da Câmara, a fim de entregar o recado de Deus a ele.
Sem tempo para detalhar o sonho, Daciolo apenas afirmou que tinha convicção de que Cunha assinaria um acordo de delação com o Ministério Público e a Justiça, e que a presença de Michel Temer (PMDB) à frente da nação era “temporária”, já que ele e outros políticos, com mandato no Congresso Nacional, seriam implicados e perderiam seus mandatos.
No dia 13 de julho, Daciolo publicou um vídeo em sua página no Facebook momentos antes de entrar no Complexo Médico Penal e se reunir com Cunha e entregar a “mensagem de Deus” para o ex-deputado, que há anos apresenta-se como evangélico e membro da Assembleia de Deus Ministério de Madureira.
Dois dias depois, em uma sessão conjunta da Câmara e do Senado, Daciolo relatou aos colegas parlamentares que havia se encontrado com Cunha, e que a palavra que resumia a reunião era “vitória”, pois estava convicto de que a delação premiada, entregando todos os podres dos bastidores políticos do país, seria concretizada.
Rumores
O jornal Valor Econômico publicou uma matéria no dia 14 de julho garantindo que a negociação de Cunha por uma delação premiada já está em estágio avançado, e que no dia 07 de julho a defesa do ex-deputado teria entregado os anexos com o conteúdo da colaboração para as investigações.
Se aprovada, a delação de Cunha vai ter como contexto o mesmo âmbito da investigação que a Procuradoria Geral da República já vem conduzindo contra o presidente Michel Temer. “Cunha entregou os anexos e agora aguarda um posicionamento do grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR”, sintetizou o jornalista Murillo Camarotto.