A vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford deve ser evitada por cristãos por conta do uso de celular obtidas em bebês abortados durante seu desenvolvimento. A avaliação foi feita por bispos católicos norte-americanos.
Na última segunda-feira, os sacerdotes católicos afirmaram que, sob as atuais condições “suficientemente graves” da pandemia, os cristãos podem tomar as vacinas contra a covid-19 feitas pelos laboratórios Pfizer e Moderna, mas devem evitar a vacina da AstraZeneca por considerarem “moralmente comprometida” devido ao uso de células infantis abortadas.
“Em vista da gravidade da pandemia atual e da falta de disponibilidade de vacinas alternativas, as razões para aceitar as novas vacinas COVID-19 da Pfizer e Moderna são suficientemente sérias para justificar seu uso, apesar de [também] terem conexão remota com linhas celulares moralmente comprometidas”, disseram os presidentes da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, Kevin C. Rhoades e Joseph F. Naumann.
Os bispos observaram que “embora nenhuma das vacinas esteja completamente isenta de qualquer conexão com linhas celulares moralmente comprometidas, neste caso a conexão está muito distante do mal inicial do aborto”, explicaram.
De acordo com informações do portal WND, a vacina AstraZeneca é na visão dos bispos “mais moralmente comprometida” e, portanto, “deve ser evitada”.
“Pode acontecer, no entanto, que não se tenha realmente uma escolha de vacina, pelo menos, não sem um longo atraso na imunização, que pode ter consequências graves para a saúde de alguém e de outras pessoas”, ponderaram. “Nesse caso […] seria permitido aceitar a vacina AstraZeneca”.
“Embora ter a nós mesmos e nossas famílias imunizados contra COVID-19 com as novas vacinas seja moralmente permissível e possa ser um ato de amor próprio e de caridade para com os outros, não devemos permitir que a natureza gravemente imoral do aborto seja obscurecida”, enfatizou o comunicado assinado pelos líderes católicos.
Raiz do problema
As tão esperadas vacinas contra o coronavírus em desenvolvimento teriam usado células de bebês abortados, o que foi visto por muitos opositores da prática de interrupções de gestação como um obstáculo moral.
Uma análise do Charlotte Lozier Institute (CLI) descobriu que a maioria das principais vacinas candidatas não usa linhagens celulares derivadas de aborto para a fabricação, embora várias linhas celulares derivadas de aborto tenham usado em testes de laboratório como forma de testar a segurança e eficácia do imunizante.
A AstraZeneca usa linhas celulares derivadas do aborto no desenvolvimento, produção e testes de laboratório, concluiu a análise. Os outros dois laboratórios, Pfizer e Moderna, chegaram a usar células derivadas do aborto nos testes, mas não usam linhagens de células derivadas do aborto no desenvolvimento ou produção da vacina.
O vice-presidente da CLI, Dr. David Prentice, explicou anteriormente ao portal Daily Caller News Foundation que quando as linhagens celulares derivadas do aborto são usadas na produção de uma vacina, isso significa que as células estão “diretamente envolvidas na produção do produto final, a vacina que é injetada em nossos braços”.
As células obtidas em abortos, nesse caso, formam “um elemento essencial para a vacina final”, disse Prentice. “Embora a conexão seja distante tanto no tempo quanto no espaço, uma vez que o aborto ocorreu há décadas e as células têm crescido em laboratório desde então, essa conexão com o aborto permanece e preocupa”, esclareceu.
“É importante notar que existem métodos de teste que podem ser feitos com células não derivadas do aborto”, encerrou o Dr. David Prentice.