A perseguição religiosa na China não se limita às dificuldades burocráticas impostas, por exemplo, para quem deseja conseguir “legalizar” o funcionamento de um templo religioso, leia-se: submetê-lo à supervisão constante do regime comunista do país.
A repressão vai muito além! Ela é capaz até mesmo de colocar pessoas em campos de concentração, a fim de que passem por um processo de doutrinação ideológica com o objetivo de eliminar qualquer resquício de fé e crença, para que se tornem ateus.
Essas são informações trazidas pela revista especializada em direitos humanos e perseguição religiosa na China, a Bitter Winter, através de um relatório recentemente publicado chamado “Inverno Amargo”.
O relatório fala “sobre membros de grupos religiosos proibidos na China, que são brutalmente reprimidos por seu rápido crescimento e recusa em serem controlados pelo Estado, sendo detidos em transformação por meio de campos de educação. Eles são doutrinados e torturados”.
Diferentemente do que alguns imaginam, a perseguição religiosa na China não afeta apenas os cristãos. Nesse caso em particular, o documento aponta que além dos seguidores de Cristo, os Testemunhas de Jeová, “uigures e outras minorias muçulmanas” também são alvos da repressão.
O documento foi elaborado com base em entrevistas feitas com alguns dos detentos, os quais não tiveram seus nomes revelados por razões de segurança. Muitos foram levados para esses campos simplesmente porque se recusaram a abandonar suas crenças ou foram pegos com materiais religiosos não autorizados.
“Os detidos em campos são atribuídos a ‘classes’ de acordo com a avaliação de seu nível de fé, para evitar ‘infecções cruzadas’. Para o PCCh [Partido Comunista da China], as crenças religiosas são o mesmo que doenças infecciosas ou tumores que precisam ser erradicados”, diz o relatório.
A Bitter Winter obteve a informação através de um dos ex-detentos de que eles são submetidos à doutrinação ideológica constante. Os que se recusam a cumprir os procedimentos de “reeducação” sofrem punições.
“O campo era administrado como uma prisão”, disse ele. “Qualquer pessoa que se recusasse a cantar músicas vermelhas [comunistas] não tinha permissão para comer, ou todos os companheiros de cela podiam ser punidos e enviados para a solitária”.
Informações sobre a existência de campos de concentração na China não são recentes. Mídias internacionais, como o DW, e no Brasil, já relataram denúncias sobre tais casos. O que chama atenção, no entanto, são os indícios de que essas práticas continuam, apesar de constituírem uma das mais graves violações da liberdade religiosa e de consciência.