Ao longo dos últimos anos, o criacionismo enfrentou um processo intenso de descrédito por parte do que se pode definir como “elite científica”, intelectuais e outros formadores de opinião. Mas, para o físico brasileiro Adauto Lourenço, a ciência devidamente estabelecida e a Bíblia corretamente interpretada caminham em harmonia, e essa é a chave para interpretar o Gênesis.
Para Lourenço, que é cristão e um dos poucos defensores da interpretação literal do Gênesis, é preciso apenas um pouco de conhecimento científico para concluir que a narrativa do primeiro livro da Bíblia Sagrada usa uma linguagem simples como forma de relatar a complexidade da criação do universo e da vida.
Há aproximadamente 20 anos, Lourenço diz ter abandonado deixou de ser um evolucionista teísta, alguém que tenta conciliar a criação e a teoria da evolução, para se tornar um criacionista, uma interpretação cuidadosa e contextualizada na ciência do que a Bíblia relata.
“Não foi uma passagem religiosa, não foi uma conversão, porque eu já vinha de um berço evangélico, já havia nascido de novo em Cristo muitos anos atrás. Essa passagem aconteceu devido à evidência científica”, disse ele em entrevista ao portal Guia-me, durante o Encontro Nacional de Universitários.
O físico garante que muitas evidências científicas comprovam a Bíblia, e que o livro de Gênesis não é anticientífico: “Plantas foram criadas no terceiro dia. O sol e as estrelas foram criados no quarto dia. As pessoas chegam para mim e falam: ‘Está vendo? Isso é impossível!’ Não é impossível, porque plantas precisam de luz, e a luz foi criada no primeiro dia”, frisou.
Sobre a criação do homem a partir do pó da Terra, Adauto Lourenço traz detalhes a respeito do assunto que expõem a coerência do Gênesis, pois segundo ele, a palavra “pó”, em sua origem etimológica no hebraico, significa “menor partícula possível”.
“As menores partículas hoje são os elementos químicos que nós temos, são os átomos. O fascinante é que 60 elementos químicos do nosso corpo são encontrados no solo da Terra. O único planeta do sistema solar que possui elementos químicos para fazer o ser humano, é a Terra”, pontuou.
A respeito de Eva, o físico explica que o relato da criação dela é ainda mais absurdo aos ouvidos de muitos estudiosos, pesquisadores e entusiastas, mas ele chama atenção para as evidências científicas que provam que a narrativa é coerente.
“Deus fez cair um pesado sono sobre Adão e ele adormeceu. Isso é anestesia geral, ele iria ser operado. Deus retirou uma costela porque, na medula óssea vermelha, nós encontramos as células-tronco. Se você vai clonar alguém, ali é o lugar de retirar. O texto diz ainda que Deus fechou o lugar com carne, ou seja, fez uma cirurgia de reparação. Diz também que transformou essa costela em uma mulher, ou seja, eles têm material genético para a clonagem e a engenharia genética”, explicou o físico.
Mais adiante, ele acrescenta detalhes a respeito da genética que mostram que Deus deu os passos corretos no processo de criação: “O homem possui cromossomos X e Y. Para Deus transformar o material genético do homem em uma mulher, Ele só precisa duplicar o X. Se Deus tivesse começado com uma mulher, Ele teria que criar o Y do nada”, prosseguiu.
Hipótese da evolução
Adauto Lourenço também criticou o processo de definição da Teoria da Evolução como a resposta final para as perguntas a respeito do desenvolvimento dos seres vivos, dizendo que a ideia da seleção natural, presente nos conceitos de Charles Darwin, é uma contradição.
“O problema é que, o que sabemos hoje de seleção natural, está ligado à quantidade de informação genética que um organismo tem. Para que a seleção natural ocorra, algo deve se transformar em outra coisa. Mas a informação genética disponível não faz com que ‘isso’ se transforme ‘naquilo’”, explicou.
A ideia de uma seleção natural parte do pressuposto que indíviduos mais adaptados ao ambiente sobrevivam, em detrimento dos que possuem características que são menos adequadas.
“Vamos pegar um exemplo prático: a boa pata de um réptil. Vamos imaginar que essa boa pata iria evoluir e, lá na frente, esse animal se tornaria uma ave. Para que essa boa pata se transforme em uma boa asa, no meio [do processo] ela não seria nem uma boa pata, nem uma boa asa. A seleção natural faria com que isso deixasse de existir. A seleção natural é um mecanismo que impede o processo evolutivo; exatamente o contrário daquilo que muitos acreditavam”, esclareceu.
O próprio Charles Darwin, segundo Lourenço, reconheceu ao escrever suas impressões que o grande problema de sua teoria é que ela não poderia ser evidenciada, e ao passar das décadas, muito se colheu através de pesquisas que apontam, justamente, na direção oposta.
“A quantidade de evidências mostrando que a evolução nunca aconteceu, no registro fóssil, na genética, na biologia, nos processos naturais, é esmagadora. Continua sendo ensinado aquele mecanismo de forçar a pessoa a aceitar por intimidação. Hoje um aluno não pode mais dizer que não concorda com isso”, comentou.
“Se é teoria, é porque não foi provada ainda. É por isso que ela tem o nome de Teoria da Evolução. Tecnicamente, não deveria nem mesmo levar o nome de teoria, deveria ser ‘Hipótese da Evolução’. Porque teoria necessita ser testável, e a evolução não é testável”, concluiu Adauto Lourenço.