Por Patricia Reaney
LONDRES (Reuters) – É improvável que ela seja obtida por meio de uma pílula ou de uma capa especial, mas a invisibilidade pode ser algo possível em um futuro não muito distante, segundo uma pesquisa divulgada na segunda-feira.
Harry Potter conseguiu ficar invisível usando uma capa mágica. O homem invisível de H.G. Wells engoliu uma substância que o tornou transparente.
Mas Ulf Leonhardt, físico teórico da Universidade St Andrews, na Escócia, acredita que o exemplo mais plausível é o da Mulher Invisível, integrante do grupo de heróis dos quadrinhos Quarteto Fantástico, da Marvel Comics.
“Ela desvia a luz usando um campo de força. É isso o que poderia ser feito, na prática”, afirmou Leonhardt à Reuters, em uma entrevista. “Isso se aproxima mais do que os engenheiros poderão provavelmente fazer no futuro.”
A invisibilidade é uma ilusão de ótica, fazendo acreditar que a pessoa ou o objeto não está onde está. Leonhardt usa o
exemplo da água que passa ao redor de uma pedra. A água aproxima-se, contorna a pedra e sai dali como se nada estivesse
naquele ponto.
“Se substituirmos a água pela luz, então não veríamos que há alguma coisa ali porque a luz contornaria a pessoa ou o objeto. As pessoas veriam a luz vindo de trás do cenário como se não houvesse nada na frente desse cenário”, afirmou.
Na pesquisa publicada pela revista New Journal of Physics, Leonhardt descreveu o funcionamento, segundo as leis da física, de aparelhos capazes de criar a invisibilidade. Esse artigo desenvolve conceitos já apresentados em um texto divulgado pela revista Science.
“O que a Mulher Invisível faz é entortar o espaço ao redor dela a fim de entortar a luz. Esses aparelhos conseguiriam imitar esse espaço curvado”, disse.
Apesar dos aparelhos serem ainda teóricos, Leonhardt afirmou que cientistas já estão fabricando alguns deles com
metamateriais — materiais artificiais com propriedades incomuns e capazes de serem usados para fabricar os aparelhos de invisibilidade.
“Há avanços sendo feitos com os metamateriais que apontam para a possibilidade dos primeiros aparelhos serem usados para entortar ondas de radar ou as ondas eletromagnéticas usadas pelos telefones celulares”, afirmou.
Os aparelhos poderiam também servir como mecanismos de proteção, impedindo que a radiação emitida pelos celulares penetre em equipamentos eletrônicos.
“É muito provável que um teste com um aparelho do tipo seja realizado em breve, usando um radar. Para passar à área visual, talvez leve algum tempo, mas não tanto tempo assim”, acrescentou.
Fonte: Reuters