Ao longo desses dois mil anos depois de Cristo, a propagação do evangelho ficou por conta dos novos convertidos do então chamado Cristianismo.
Com o crescimento desta nova fé, como se poderia imaginar surgiram também as divergências e diferenças teológicas. A partir do momento em que a Igreja começou a ter uma estrutura física , forma institucional e o fortalecimento do clero, as divisões entre o povo adepto ao Cristianismo começaram aparecer. Desde então, as igrejas cristãs vêem encontrando dificuldade de manter sua unidade, gerando uma hora ou outra divisões que acabam por afetar o ministério e muitas vezes até mesmo a vida dos que dela faziam parte.
O Brasil não foge a regra, dentro do tempo da história da Igreja Evangélica brasileira, várias divisões ocorram, tanto nos grupos tradicionais, como nas igrejas pentecostais e neopentecostais. As divisões não se dão somente por nível denominacional, mas também por conflitos internos ocasionados por desentendimentos de líderes, o que muitas vezes resulta nas chamadas igrejas vizinhas “rivais”.
Segundo especialistas, o motivo pelo qual ocorrem as desavenças no meio das igrejas vão desde a vaidade pessoal dos líderes até insubordinação, na falta de sabedoria para se trabalhar em equipe e interesses pessoais prejudiciais a outros, mas também podem haver as separações geradas das diferenças teológicas (visão) ou de vocações ministeriais não reconhecidas pelas lideranças centralizadoras.
“A divisão é intrínseca à experiência da Igreja cristã: simplesmente, nunca houve um cristianismo indiviso”, aponta o professor Joanildo Burity, coordenador do mestrado sobre fé e globalização do Departamento de Teologia e Religião da Universidade de Durham, na Inglaterra.
Ao mesmo tempo que as separações de igrejas, que consequentemente vem a gerar o aumento das congregações, cause cada vez mais a difusão do cristianismo no mundo, em contra partida elas também são causadoras de desilusões, traumas e desgastes tanto emocionais como espiritual nos membros.
Hoje é muito comum encontrarmos crentes de longa data que já participaram de várias congregações, na maior parte destes casos a razão para essas mudanças congregacionais está nas desconfianças existentes no meio das igrejas.
A divisão nas igrejas reflete de forma negativa e atinge a várias pessoas. Esse tipo de experiência não é difícil somente para os membros da comunidade, mas também para os líderes.
Segundo o Pastor Altair Germano – coordenador pedagógico Faculdade Teológica da Assembleia de Deus em Abreu e Lima (Fateadal), em Pernambuco, os crentes que mais sofrem com processos de divisão são justamente os neófitos na fé, que ainda possuem uma visão romantizada da igreja e as divisões podem vir a causar grandes males espirituais para os membros envolvidos, mesmo que sendo necessária. A situação também é embaraçosa para aqueles fiéis de longa data em uma mesma denominação, devido a história e ligação gerada no decorrer dos anos coma igreja e irmãos de fé.
Mas ainda a grande preocupação a ser levantada é quanto a credibilidade passada pelo povo de Deus aqueles que dEle pouco conhecem. Além da abalo gerado nos novos convertidos, essas situações trazem consigo a descredibilidade nas instituições cristãs e ferem o Evangelho e seu real propósito.
“Existem consequências muito grandes nesses momentos. Uma delas é o prejuízo ao caráter evangelístico da igreja. Os novos convertidos sofrem um abalo na fé muito grande. Eles esperam da igreja algo novo, querem satisfazer um vazio da alma. Quando se deparam com uma separação que cria um ambiente muito hostil, a decepção é grande. Afinal, no lugar onde tinham a expectativa de encontrar soluções, acabam encontrando mais problemas”, opina o Pastor Josivaldo Carlos, da Igreja Batista Missionária sobre esta situação.
Fonte: Gospel+