Crianças vêm sendo usadas em rituais sacrificiais de religiões ocultistas em Uganda, denunciou o pastor Peter Sewakiryanga, um líder evangélico influente no país e diretor de um ministério voltado à ação social com foco infantil.
Sewakiryanga é diretor executivo do Kyampisi Childcare Ministries e revelou, durante um discurso no Parlamento de Queensland, na Austrália, que muitas crianças têm sido mutiladas ou mortas em rituais de religiões que acreditam que tais sacrifícios resultarão em poderes de magia ou medicinais.
De acordo com informações do portal Uganda Christian News, Sewakiryanga compareceu ao Premiers Hall – sede do Parlamento de Queensland – no último dia 02 de julho. Aproveitando a oportunidade, pediu às autoridades australianas que se tornem parceiros do governo ugandense no combate ao sacrifício de crianças, uma situação que, segundo ele, “está em proporções epidêmicas”.
“Em 1 de dezembro de 2011, há 8 anos, uma petição relacionada ao tratamento de crianças em Uganda foi apresentada nas câmaras deste Parlamento pelo ex-membro do Parlamento para Maryborough, excelentíssimo Chris Foley”, disse o pastor Peter Sewakiryanga. “A petição abordou particularmente a prática bárbara de sacrifícios rituais e a mutilação de crianças pelas suas partes do corpo e sangue, Sacrifício Infantil, que agora está em proporções epidêmicas”, acrescentou.
“Naquela época, nossa campanha para acabar com o sacrifício de crianças estava em seu segundo ano. Ainda havia uma negação da questão do nosso governo em Uganda, simplesmente porque representava uma vergonha e atraso que ninguém queria estar associado. Desde então, muitas crianças se tornaram vítimas”, enfatizou o pastor.
Sewakiryanga destacou também que quando foi feito o primeiro apelo, existia a intenção de exercer “alguma forma de pressão política das forças externas e políticas para despertar todos os ugandenses”, mas não houve sucesso. O líder cristão enfatizou a importância de ação da plateia que o ouvia, “considerando que a Austrália tem relações bilaterais com Uganda”.
“Eu também estava buscando proteção para mim e para a equipe contra as ameaças que recebemos daqueles que tiveram como alvo nossas vidas pela posição que assumimos. Nossa equipe foi e ainda é determinada. Mas principalmente, eu estava desesperadamente procurando por apoio para as vítimas sobreviventes e suas famílias”, relembrou.
O Dr. Christian Andrew Carr Rowan, um político australiano e médico especialista, membro do Partido Nacional Liberal da Moggill na Assembléia Legislativa de Queensland desde 2015, foi um dos responsáveis por levar o pastor Sewakiryanga ao Parlamento para expor a dramática situação.
A dedicação do pastor Peter Sewakiryanga em acabar com o sacrifício infantil em Uganda é um projeto iniciado há quinze anos, quando ele viajou para Kyampisi, um vilarejo no distrito de Mukono, onde descobriu o que ele descreve como o “epicentro da feitiçaria”.
Numa entrevista à mídia australiana, Sewakiryanga disse que a prática não tem uma relação genuína com a cultura local: “Há liberdade de culto e há pessoas que acreditam em adorar espíritos ancestrais e práticas de bruxaria”, disse ele. “Mas quando se trata de humilhar a vida de uma criança, ela se torna uma questão de Direitos Humanos que precisa ser respondida”.
Foi isso que levou o pastor a criar o Kyampisi Childcare Ministries (KCM), uma instituição de caridade que visa acabar com o sacrifício de crianças, apoiar as vítimas da brutal prática e processar os criminosos responsáveis.
A organização, diz o pastor, tem lidado com dezenas de casos confirmados de sacrifício infantil a cada ano, em média. A maioria dessas crianças não sobrevive. Em alguns casos, diz Sewakiryanga, os pais até sacrificaram seus próprios filhos. Ele declarou ainda que é difícil encontrar e processar os perpetradores porque a prática está envolta em sigilo, e lamentou a situação do sistema de acusação (espécie de Ministério Público), que está “totalmente subfinanciado e, em alguns casos, não financiado”.