Diogo Morgado, ator português que interpretou Jesus Cristo na série A Bíblia, contou que por muito pouco não foi mandado embora da produção pouco antes de começar as filmagens.
O ator revelou que, ao ler o roteiro do primeiro capítulo da série, percebeu que havia um tom no texto que poderia causar uma impressão errada no público sobre a proposta da produção, e assim, decidiu que questionaria os roteiristas e produtores.
“Estive quase para ser despedido. A sério. Fui contratado sem ter acesso ao roteiro e depois quando o leio, senti que aquilo tomava um partido. Tudo o que está relacionado com a religião e as guerras religiosas têm muito a ver com a perspectiva das palavras”, contextualizou o ator de 39 anos.
Na declaração à jornalista Cristina Ferreira, do portal Maria, a explicação para os atritos foi feita de maneira ilustrada, sem revelar os detalhes: “Se há alguma coisa a tirar de bom [da religião] e se deve ter como fé é o fato de não haver forma. Ela tem força, mas não tem forma. Há pelo menos quatro religiões sobre se Pedro constrói a Igreja sobre a pedra de Cristo, debaixo da pedra de Cristo, ao lado da pedra de Cristo, esquerdo ou direito. Quando li o argumento senti que havia ali uma posição e eu não queria fazer parte disso”.
“Percebi que esta história que eu ia recontar, já tinha sido contada muitas vezes. Qual era o sentido? Eu não queria fazer parte de mais uma coisa que não acrescentava nada. Nesse sentido aprofundou a minha fé, religiosidade”, contou.
Em 2013 Diogo Morgado concedeu uma entrevista e fez uma avaliação semelhante: “Jesus era 100% filho de Deus, mas também estava numa condição 100% humana, com todas as suas características e condições. Foi fascinante para mim trabalhar de que forma esta figura seria magnética por onde quer que passasse. Não só por aquilo que dizia, mas pela forma como agia com quem o rodeava”, disse à época.
Agora, ele revelou que sua insistência sobre as mudanças que seriam necessárias para que o personagem da série ficasse marcado, deu frutos: “Aquilo que quase me fez ser despedido chegou a um acordo. Os primeiros dois takes de cada cena iam ser feitos seguindo as minhas notas e a partir do segundo take já não tinha direito a mais nada e fazia exatamente como estava escrito no texto que era radicalmente diferente. Eu tinha de ter a certeza é que todos os segundos daquela cena iam ser verdade. Portanto os primeiros dois eram a verdade absoluta e eu estava por inteiro e os outros mais ou menos”, detalhou.
Por fim, ele contou que trabalhar na série foi uma experiência que transcendeu o âmbito profissional: O Filho de Deus, em A Bíblia, não foi um trabalho, foi uma experiência. Obrigou-me a fazer perguntas a mim próprio e a entrar dentro de mim de uma maneira que eu nunca tinha entrado, nem sido obrigado a entrar”.