O ex-deputado e integrante da bancada evangélica Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso na última quarta-feira, 19 de outubro, em Brasília (DF), após o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, acatar pedido da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
A suspeita que recai sobre Cunha é que ele tenha recebido propinas através das empresas Jesus.com e GDAV Serviços e Publicidade. Os valores ilícitos teriam sido repassados por Henrique Constantino, um dos herdeiros do fundador da Gol Linhas Aéreas, em troca da criação de uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados, quando Cunha era presidente.
A Comissão tinha como foco avaliar a possibilidade de isentar as empresas de transporte coletivo urbano municipal e urbano alternativo da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (CIDE), um tributo incidente sobre combustíveis.
De acordo com informações do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, Cunha tem como sócia na Jesus.com sua esposa, Cláudia Cruz, e na GDAV seus dois filhos, Danielle Dytz Cunha e Felipe Dytz Cunha.
“Ao todo, foram identificados pela Lava Jato com apoio da Receita Federal aportes para a Jesus.com que somam R$ 3,5 milhões entre julho e setembro de 2012 e em maio de 2015; e também R$ 1 milhão para a GDAV”, informou Macedo.
A empresa Jesus.com chamava-se C3 Atividades de Internet e Rádio antigamente. No nome dessa empresa, Eduardo Cunha mantinha veículos de luxo e outros bens. Já a GDAV, segundo os registros da Receita, é uma empresa voltada à exploração de portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na web.
“Praticamente todos os depósitos identificáveis na Jesus.com e na GDAV indicam uma só origem: o grupo econômico Constantino que comanda a empresa Gol Linhas Aéreas e diversas empresas de ônibus”, afirmou o Ministério Público no pedido de prisão de Cunha. “Não há indício de que as empresas Jesus.com e GDAV tenham prestado algum serviço efetivo de publicidade compatível com os valores depositados”, acrescentou.
A prisão de Eduardo Cunha é preventiva, sem prazo para ser revogada. Agora, no Congresso Nacional, há um temor generalizado que o ex-presidente da Câmara aceite fazer uma delação premiada, entregando detalhes de crimes cometidos por outros parlamentares.