O esgotamento físico e mental entre líderes do ministério pastoral já não é uma novidade, mas sim uma realidade crescente, segundo o pastor inglês Peter Mead, que possui um doutorado na área pelo Seminário Teológico Gordon-Conwell.
Em um artigo publicado em seu site pessoal, Mead refletiu sobre o motivo pelo qual um número cada vez maior de pastores estão tendo colapso mental. Para o autor, vários fatores têm contribuído para isso.
O primeiro seria justamente a ideia errônea de que os pastores não estão sujeitos ao esgotamento. Diferentemente de outras pessoas, segundo Mead, o público espera que os líderes do ministério sempre estejam dispostos e fortes o suficiente para cuidar do rebanho.
Desse modo, os pastores “sentem que não devem recorrer à medicação [mesmo quando precisam], também que a igreja sofrerá se pararem de fazer o seu trabalho por um tempo”.
“Muitas pessoas no ministério carregam tensões na vida que nós, humanos, não somos criados para carregar sozinhos”, diz ele. “Quando uma igreja está cheia de divisões e tensões, isso pode ser óbvio. Quando um membro da família está sofrendo de uma doença grave”, exemplifica.
Outros fatores envolvem conflitos familiares, problemas financeiros que não são conversados abertamente com a igreja, desafios conjugais e a autocobrança por um desempenho sempre a altura das expectativas dos outros.
“Qualquer um destes pode pesar sobre a alma do ministro e tornar-se metade de uma tempestade perfeita”, diz Mead, destacando que o colapso mental e o esgotamento, geralmente, ocorrem quando há uma combinação de vários fatores ao mesmo tempo.
Ou seja, quando o ministro, além de cuidar da sua igreja, precisa gerenciar múltiplos problemas pessoais, geralmente sozinhos.
Cultura do “cancelamento”
Segundo Mead, um dos fatores modernos é a cultura do cancelamento, onde os ministros são expostos com muita facilidade, e consequentemente julgados de forma precipitada.
Segundo o autor, isso é reflexo da “ansiedade de uma cultura que não precisa mais esperar por um erro para atacar”, pois primeiro se preocupa em criticar. A necessidade de adaptação contínua aos desafios da geração atual é outro fator preponderante sobre o esgotamento dos ministros.
“À medida que avançamos, estamos agora em um mundo diferente e dividido. Muitos no ministério estão vivendo com alguma combinação de ansiedade e raiva subjacentes (nas injustiças que são sinalizadas ou suprimidas, a falta de transparência sobre a tomada de decisões pandêmicas, a aparente desintegração das liberdades civis nos países ocidentais, etc.)”, diz Mead.
“Nós estamos ministrando em um contexto que está se tornando cada vez mais antagônico à fé cristã, com o aumento dos controles sobre informação, comunicação, pensamento, etc.”, continua o autor, segundo o Evangelical Focus.
Para Mead, por fim, os cristãos em geral precisam ser proativos, tendo a consciência de que os ministros não devem estar sozinhos em suas dificuldades, e que também precisam ser compreendidos nas suas necessidades emocionais, psicológicas e sociais, como qualquer outro ser humano.
“Se você suspeitar que seu pastor está carregando ansiedade, tensão ou até mesmo raiva, então seja proativo. Ore por eles, mas também fale com eles. Certifique-se de que eles não estão carregando fardos sozinhos. Eles tendem a estar sempre prontos para desenhar ao lado dos outros nos desafios da vida. Certifique-se de que alguém desenhe ao lado deles também”, conclui.