A esposa do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), jornalista Cláudia Cruz, enviou mensagens de conforto ao marido após a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirem torná-lo réu na ação penal que investiga um dos casos no escândalo do petrolão.
Nas mensagens de texto enviadas pelo aplicativo WhatsApp, Cláudia tranquilizou Cunha lembrando-o da soberania divina: “Calma. Deus sempre no controle. Ele move. Ele põe. Ele tira. Ele faz […] Confia no Senhor, mesmo que o vento esteja ao contrário, Ele não te abandonou (sic)”.
A conversa foi flagrada por um fotógrafo do jornal O Globo, enquanto o deputado lia as mensagens em seu celular pessoal. Nas fotos, Cunha também conversou com a filha, que queria saber como o pai estava, e recebeu a seguinte resposta: “Tranq filha (sic)”.
Em entrevista à imprensa, respaldado por seus advogados, Eduardo Cunha agiu como sempre, demonstrando segurança e otimismo, e destacou o fato de o STF ter aceitado a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra ele de forma “parcial”, com restrições a alguns pontos da denúncia.
O presidente da Câmara dos Deputados destacou ainda que o voto do relator, ministro Teori Zavascki, refutou os pedidos de seu afastamento das funções à frente da Casa justamente por estar na linha sucessória, o que poderia causar instabilidade institucional.
Em seu relatório, Zavascki destacou que a função do STF é ser coerente: “Passaram muito tempo dizendo que tornando réu, [Cunha] tinha que ser afastado. Alegavam até que era o terceiro na linha de sucessão e, por isso, teria que ser afastado. Contestamos na preliminar o mesmo fato: se tem de ser afastado por estar na linha sucessória, ninguém pode, então, ser processado por atos estranhos ao mandato [uma prerrogativa do cargo de presidente da República]. A rejeição dessa preliminar mostra que não existe razão para afastamento de quem se torna réu. Essa matéria já foi vencida”, disse o ministro durante seu voto, na quarta-feira, 02 de março.
Embora seja o primeiro presidente da Câmara no exercício do mandato que se torna réu, Eduardo Cunha destacou que ainda não foi julgado, e por isso, seu argumento de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se excede nas acusações é verdadeiro.
“Estou absolutamente tranquilo porque estou com a verdade, estou com a inocência. Eu não tenho nada com que me preocupar. Tornar réu não é sentença de ninguém. Tanto é que já fui réu em 2013 e fui absolvido por unanimidade em 2014. Querer me condenar por ter me tornado réu seria não me dar o direito de um julgamento correto”, afirmou Cunha à imprensa.