Kay Warren é esposa de um dos pastores mais conhecidos do mundo, Rick, autor do livro Uma Vida Com Propósitos, e recentemente ela se aprofundou no testemunho de libertação da pornografia e o sofrimento que esse vício causou a ela por um longo período.
Explicando que sua jornada de fé tem sido marcada por eventos que terminam por se tornarem públicos – como o episódio do suicídio de seu filho aos 27 anos após uma longa batalha contra problemas mentais -, Kay afirmou que teve crises de fé diante das adversidades, mas não por duvidar de Deus, mas por não compreender seus propósitos.
“A minha verdadeira luta está em torno da bondade de Deus. É uma luta muito mais dolorosa para mim do que questionar Sua existência. Parece que tem havido muitas oportunidades, muitas circunstâncias na minha vida que me trazem de volta a essa pergunta: ‘Deus, o Senhor é bom? E se Senhor não for, por que eu confiaria em Ti? E se o Senhor for, como fazer para confiar em Ti, quando parece que o que aconteceu é muito doloroso para suportar?'”, contou a evangelista, em entrevista ao portal The Christian Post.
Pornografia
Recentemente, Kay Warren lançou o livro Sacred Privilege: Your Life and Ministry As a Pastor’s Wife (“privilégio sagrado: vida e ministério como esposa de pastor”, em tradução livre), onde conta sobre o abuso sexual sofrido na infância e sua luta contra a pornografia ao longo dos anos.
Sem se colocar em posição de vítima, a evangelista relata esse episódio como o catalisador de seus problemas em relação à pornografia: “Eu fui molestada quando ainda era uma pequena menina. Não posso me esconder por trás disso e eu sou a única que tem que assumir a responsabilidade para mudar isso”, pontuou.
“Eu acho que essas escolhas levam à resiliência, eles levam à capacidade de suportar os tempos mais difíceis e quando eu sou espiritualmente saudável, isso me permite ser uma ministra muito mais eficaz para Cristo. O ministério é difícil e se vamos continuar, temos que olhar no espelho e assumir a responsabilidade de andarmos próximos a Jesus”, acrescentou.
O ambiente em casa, com pais “muito conservadores”, contribuiu para que Kay se dedicasse à fé: “Eles eram conservadores em todos os sentidos possíveis nos EUA, nos anos 60 e 70. Eles simplesmente adotavam uma definição muito, muito estreita de tudo. Mas, devo reconhecer que havia um lado positivo nisso, eles amaram Jesus e viveram sua fé na minha frente. Eles fizeram Deus atraente para mim. Eu queria um relacionamento com Deus, apesar de todas as regras e proibições que eles impunham”, contou.
No entanto, essa bolha serviu como uma brecha, e quando Kay encontrou revistas pornográficas na casa de amigos, uma confusão se formou em seu interior, com um misto de “repulsão e fascínio” em relação ao sexo.
“É impossível estimar o efeito da descoberta de revistas pornográficas na casa de um vizinho quando eu estava sendo cuidada pela babá, em parte porque não falávamos sobre sexo em nosso lar conservador, além das expectativas em sermos perfeitos e não tropeçarmos de forma alguma. Todos esses fatores se uniram de uma maneira muito tóxica que me deixou dividida em duas pessoas diferentes: a boa garota que amava Jesus e queria ser missionária, e a garota que era uma vergonha total e absoluta para Jesus”, relembrou.
Esses problemas não resolvidos com a pornografia a levaram ao sentimento de vergonha. E somente a possibilidade de formar uma nova família (ela e Rick se casaram aos 19 anos após se conhecerem na faculdade) abriu, em seu coração, a ideia de que um recomeço era possível.
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“Eu tinha medo de ser desqualificada para servir a Jesus ou mesmo ser uma cristã. Não posso afirmar com firmeza o quanto isso afetou quem eu era ou quem eu pensava que era. Eu me senti desamparada. Mas descobri que eu não estava sozinha nisso. Eu recomeçaria o ciclo e prometi a Deus que nunca mais o faria sentir-se envergonhado: um novo ciclo familiar, nunca mais pensaria nisso [abusos e pornografia]”, explicou.
Diferenças
O recomeço, porém, não era garantia de uma vida sem problemas. E dois anos após se casarem, Kay e Rick Warren enfrentaram uma crise conjugal que expôs a necessidade de compartilharem muitas coisas um com o outro, e o reconhecimento de que existiam diferenças entre eles.
“As diferenças entre nós são tão vastas que eu me pergunto: ‘por onde eu começo?’ Em quase tudo o que você pode pensar, vamos olhar as coisas de forma diferente. Acabamos de abordar a vida de uma aparência diferente. Mas o que nos atraiu um ao outro como universitários [era] que estávamos ambos consagrados a Deus, a Jesus, nossas vidas estavam focadas em atendê-Lo de modo sacrificial, dando o que fosse necessário para levar Jesus a este mundo e dispostos a fazer o que for preciso. Essa paixão por Deus, compartilhada entre nós foi o que nos atraiu um ao outro. Nos nossos cérebros de 19 anos de idade, era tudo o que era necessário. Aos 19 pensávamos que isso era tudo o que importava”, contextualizou.
“Devemos refletir Jesus com precisão. As apostas sobre nós são altas, o mundo está nos assistindo, as pessoas precisam de Jesus Cristo mais do que nunca. É uma grande responsabilidade ser um seguidor de Cristo hoje – e isso significa dar uma olhada honesta em todos os nossos rótulos e ter certeza de que eles realmente refletem Cristo”, finalizou.