O criptógrafo Michael Wood afirmou em seu livro “Paul in Homossexuality” (em tradução livre, Paulo na Homossexualidade) que estudando os livros do Apóstolo Paulo, descobriu que os termos originais do grego dão a entender que não havia, por parte dos cristãos da igreja primitiva, o entendimento de que a prática homossexual fosse ato de morte espiritual.
“Cresci em um lar cristão evangélico e meu pai era pastor. Sempre amei a Bíblia. Cheguei até a memorizar a carta de Paulo aos Romanos, palavra por palavra”, conta Wood.
Ele afirma que sua busca começou pelo paradoxo de Romanos 1:18 e 3:20, em que na primeira passagem, Paulo afirma que “serão justificados os que praticam a lei” e na segunda, “pelas obras da lei nenhum homem será justificado”.
Segundo Michael, em seus ensinamentos Paulo divide a lei judaica em dois grupos: em Romanos 1:18 Paulo se refere às obras mencionadas em Levítico 19:18, enquanto que em Romanos 3:20, ele aborda todas as obras que não foram mencionadas no livro que faz parte da Torá, incluindo a homossexualidade. “Michael Wood revela aos olhos do público um segredo que parecia bem guardado, ou seja, que o apóstolo Paulo, como seus contemporâneos, divide os comandos da lei judaica em dois grupos, demarcados por Levítico 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo “. Todos os mandamentos baseados no amor ao próximo eram “justiças da Torá”. Aqueles que não estão baseados em Levítico 19:18 eram “obras da Torá”, explica o Doutor William Berg, que lecionou grego na Universidade de Stanford e passou diversos meses estudando a tese de Michael Wood.
Torá é o nome dado pelo judaísmo aos livros que na Bíblia, formam o Pentateuco e foram escritos por Moisés.
Na tese de Michael Wood, a solução para o paradoxo de Romanos está em contrastar dessa forma o que Paulo escreveu, o que segundo ele, acaba com os questionamentos de contradição, que muitos estudiosos afirmam que havia na carta aos romanos. “Não há, assim, qualquer contradição, pois os dois ensinamentos seriam então simples reformulações um do outro, o “grande paradoxo” de fato não existe!”, afirma Woods.
Para o Doutor William Berg, entender dessa maneira, ajudaria a compreender o que Paulo fala a respeito da homossexualidade: “Esta ‘solução’ explicaria a maneira que Paulo trata a homossexualidade. Na passagem em questão, Paulo exclui a idolatria e as relações homossexuais da lista de coisas que ele considera dignas de morte espiritual, tais como as pessoas serem ‘difamadoras’, ‘caluniadoras’ ou ‘cheias de dolo’. Assim sendo, Michael Wood defende que as pessoas envolvidas em idolatria e relações homossexuais não estavam violando as ‘justiças da Torá’ (não iam contra o preceito ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’). Portanto, Paulo foi obrigado a separar estes da sua lista de coisas que viola as justiças”.
O criptógrafo, em sua teoria, afirma que Paulo separou as duas coisas de forma consciente, para que ficasse claro aos cristãos de sua época o que era pecado mortal e o que eram pecados contornáveis.
O Doutor Berg afirma que “Michael Wood deu um passo à frente na busca pela tradução fiel ao grego de Paulo. Ele mostra que as palavras historicamente mal traduzidas como “homossexuais”, “efeminados”, “impuros”, e assim por diante, são realmente pessoas “egoístas”, “injustas” e “sem amor”, e nada teriam a ver com a orientação sexual. Paulo estava condenando aqueles que violam as justiças da Torá, e nada além disso”.
O pastor Armando Taranto Neto foi entrevistado pelo Gospelprime para comentar as afirmações feitas por Michael Wood e afirmou que “é muito preocupante o que afirma o Sr. Wood, quando, em nome de uma “suposta” interpretação de “novos documentos” descobertos (?), se encontraria uma “nova versão” de alguns termos utilizado por Paulo na língua grega, que inescrupulosamente ele usa como base para alterar toda a Escritura. Deve-se deixar bem claro que não é Paulo quem condena a prática homossexual, e sim a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Fonte: Gospel+