A censura das plataformas de mídia e tecnologia Google, Facebook e Twitter a sites conservadores, incluindo portais cristãos, era visto como uma espécie de lenda urbana, mas agora um relatório do Media Resource Center (MRC) mostra detalhadamente a forma de agir dessas empresas, em censura aos conteúdos de oposição ao progressismo.
O posicionamento conservador em defesa de valores tradicionais, como rejeição ao aborto, defesa da liberdade religiosa e do modelo bíblico da família é algo que contraria a visão progressista da sociedade, que prega o exato oposto, com relativização da fé.
A emissora norte-americana Fox News, de viés conservador, repercutiu o relatório do MRC que mostrou que até mesmo ex-funcionários das três gigantes de tecnologia e informação, dominadoras das redes sociais, confirmaram que as empresas se uniram a grupos de esquerda para censurar conservadores.
“Entre as descobertas, denúncias de ex-funcionários de que o Facebook oculta conteúdo conservador dos trends, fundamentadas em um detalhado estudo. Google, Youtube e Twitter se aliaram a grupos de esquerda, como o Southern Poverty Law Center, que odeia conservadores”, explicou a apresentadora da Fox News ao apresentar o relatório.
A investigação também descobriu bastidores do conselho de orientação das políticas do Twitter, apontando que dentre 25 membros, apenas um se declara conservador e outros 12 se identificam como progressistas.
Em abril, a editora Concordia Publishing House (CPH) foi bloqueada no serviço de publicidade do Google, por usar termos como “Jesus” e “Bíblia” como palavras-chave para o resultado de buscas na plataforma. Em nota, a editora acusou a gigante de tecnologia e informação de vetar as referências cristãs através de sua política de crenças religiosas.
Supressão
Nesse contexto, o presidente norte-americano – que popularizou o termo “fake news” durante sua campanha em 2016 – afirmou que 96% dos resultados na busca por “Trump News” apontam sites que o atacam como resultado ao usuário.
A mídia Republicana/Conservadora & Justa está excluída. Ilegal? 96% dos resultados para ‘Trump News’ são da mídia de esquerda, muito perigosos. Google e outros estão suprimindo vozes de conservadores e escondendo informações e notícias que são boas. Eles estão controlando o que podemos e não podemos ver. Esta é uma situação muito séria”, escreveu Donald Trump no Twitter.
“É bom que eles tenham cuidado, porque você não pode fazer isso com as pessoas. Nós temos, literalmente, milhares de reclamações chegando”, acrescentou o presidente.
A reação do governo norte-americano a essa circunstância está sendo forte: o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Jeff Sessions, disse na última quarta-feira, 05 de setembro, que estuda a possibilidade de tomar medidas contra as três empresas por violarem a liberdade de expressão.
“O secretário de Justiça convocou uma reunião com procuradores estaduais para este mês para debater a preocupação crescente de que estas companhias estão prejudicando a concorrência e intencionalmente sufocando a livre troca de ideias em suas plataformas”, disse em nota o porta-voz do departamento, Devin O’Malley, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo.
A declaração do Departamento de Justiça aconteceu no mesmo dia que o Comitê de Inteligência do Senado fez uma audiência com o CEO do Twitter, Jack Dorsey, e a executiva número 2 do Facebook, Sheryl Sandberg. O Google, que foi convidado a participar da reunião, não enviou representantes para discutir a necessidade de mudança na postura das empresas.
Ao longo da audiência, diversos senadores defenderam a necessidade de aumentar a regulação sobre redes sociais, através de mudanças na legislação vigente. “A era do faroeste selvagem nas mídias sociais está acabando”, disse o senador democrata Mark Warner, número dois do comitê que investiga a postura parcial das gigantes de tecnologia e informação.
Um dos políticos de viés progressista presentes na audiência, o senador Joe Manchin, do Partido Democrata, eleito pela Virgínia Ocidental, questionou se havia disposição das empresas para uma mudança na lei para permitir que o governo possa processar também sites e plataformas onde usuários vendam drogas – que o político sugeriu que acontece no Twitter e no Facebook -, mas os dois representantes negaram, alegando que a formatação atual da lei é um “porto seguro” que garante o funcionamento das empresas.
“Nós precisamos balancear quais seriam essas mudanças e o que elas significam”, disse Dorsey, do Twitter, reticente.
Google search results for “Trump News” shows only the viewing/reporting of Fake News Media. In other words, they have it RIGGED, for me & others, so that almost all stories & news is BAD. Fake CNN is prominent. Republican/Conservative & Fair Media is shut out. Illegal? 96% of….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 28 de agosto de 2018
….results on “Trump News” are from National Left-Wing Media, very dangerous. Google & others are suppressing voices of Conservatives and hiding information and news that is good. They are controlling what we can & cannot see. This is a very serious situation-will be addressed!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 28 de agosto de 2018
Censura no Brasil
As medidas contra o conservadorismo também têm sido colocadas em prática pelas empresas. Grandes portais cristãos que defendem a visão conservadora sofreram perdas nos acessos devido à restrição imposta pelos novos algorítimos usados pelo Facebook e Google.
No caso de portais como o GospelMais e GospelPrime essa perda nos acessos superou a casa de 30% entre abril e agosto, segundo medições realizadas pela ferramenta Similar Web. A ênfase desses veículos de comunicação na defesa da vida e da família, denúncias dos extremismos de movimentos sociais, como o feminismo e a militância pró-ideologia de gênero, é rebatida pelas gigantes da tecnologia e informação com uma restrição nos resultados de busca e bloqueio nos trends.