Goleiro não se afastou do universo do futebol e tem escritório na capital gaúcha onde trata da carreira de atletas em atividade.
Ícone do Internacional na segunda metade dos anos 80, o goleiro nunca levantou uma taça com a camisa vermelha, apesar de ter sido campeão por onde passou depois de deixar Porto Alegre. Hoje está de volta, radicado na capital gaúcha, como empresário que trata da carreira de atletas em atividade, mantendo um escritório com outro ex-jogador, Paulo Roberto, que foi campeão mundial pelo Grêmio.
Herói da conquista do tetra pela seleção, Taffael rodou o mundo até virar empresário
Quando em atividade, foram sete anos vestindo a camisa número 1 do Colorado, mas sem conquistar nenhum campeonato sequer. Ainda assim, Taffarel foi o símbolo de diversas formações do Inter que sempre tiveram na defesa o seu ponto forte. Tudo começou no final da temporada de 1984, quando o Inter havia dispensado o goleiro Mano e pensava em contratar o titular da seleção russa e do Sevilla, Dassaev. A falta de dinheiro para concretizar aquele grandioso sonho acabou por promover um alemãozinho que até então era conhecido apenas por Cláudio -e que depois se consagraria como Taffarel.
Com o genial técnico Ênio Andrade, ele foi vice-campeão brasileiro em 1987. Repetiu o segundo lugar no Brasileirão de 1988 com o atual campeão do mundo Abel Braga, e deixou o Inter em 1990 para ganhar o mundo. Titular da seleção brasileira, ele foi para o então emergente Parma. Foi naquele mesmo ano que viu o argentino Caniggia driblá-lo e a Argentina eliminar o Brasil na Copa Itália.
Quatro anos depois Taffarel conquistaria o Tetra com a seleção, precisamente no momento em que o craque italiano Roberto Baggio “isolou” a última cobrança de pênalti na decisão da Copa dos Estados Unidos, em Los Angeles.
Ainda jogou pelo Reggiana, Atlético-MG e Galatasaray. Retornou ao Parma em 2001, onde atuou por mais duas temporadas, até encerrar a carreira. Hoje, aos 40 anos de idade, Taffarel está em fase inicial na nova carreira, a de empresário de futebol. Ao lado de Paulo Roberto, ex-lateral gremista, ele tem um escritório no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.
Não tinha paciência para virar treinador”, diz Taffarel.
A Taffarel/Paulo Roberto Assessoria e Consultoria Esportiva começou com a chuteira direita. Afinal, o primeiro cliente do escritório é ninguém menos que Fernandão, o capitão que ergueu as taças mais importantes de toda a história do Inter: a da Copa Libertadores da América e a do Mundial de Clubes. Além do craque colorado, Taffarel representa o goleiro André, do Juventude, com quem chegou a trabalhar ainda nos tempos de Inter, e vários jogadores das categorias de base da dupla Gre-Nal, com 15 e 16 anos de idade.
“Sempre quis seguir trabalhando com o futebol, mas nunca tive paciência para ser treinador. Por isso, acabei aceitando o convite do Paulo Roberto para trabalharmos juntos. Está dando certo, estou curtindo bastante essa nova fase da minha vida”, conta o empresário Taffarel, que se recusa a trabalhar de terno e gravata.
Taffarel, quando ainda estava na Turquia, agora vibra com o Inter e agencia jogadores
Apesar de toda a projeção que teve no Inter, jogando ao lado de nomes como Luís Carlos Winck, Aloísio e Pinga, Taffarel jamais retornou ao clube. Após conquistar o tetra com a Seleção, já em 1995, o goleiro chego a sonhar com a volta ao Beira-Rio. Esteve próximo de assinar um contrato por três anos, mas esbarrou em André, que surgia bem e que hoje é um de seus jogadores na empresa com Paulo Roberto.
“O André vinha crescendo naquela época e, embora não fosse o titular (Sérgio, ex-Santos, era o camisa 1 do Colorado), estava sendo preparado para assumir o time no ano seguinte. Por isso, a direção acabou optando por reforçar outras funções no time. Acabei indo para o Atlético Mineiro, onde passei três anos”, lembra Taffarel.
Mas se o goleiro jamais retornou ao Inter, também nunca se afastou do clube. Na final da Libertadores contra o São Paulo, o ex-goleiro vestiu a camisa herdada de seu ex-preparador e ex-goleiro colorado, Schneider. Com uma antiga camisa preta, com o escudo do Inter bordado no peito, Taffarel assistiu ao Inter superar o clube paulista e conquistar a Libertadores. Repetiu a dose para ver o Inter bater outro poderoso: o Barcelona, na final do Mundial de Clubes da Fifa.
“Nunca duvidei no potencial do clube Inter. Infelizmente, não pude dar títulos ao Inter, mas pode ter certeza que eu curto cada vitória, cada conquista do clube como um torcedor comum”, afirma ele. “Fiquei feliz pelo Fernandão, é claro, pois trabalho com ele, mas também pelo Clemer. Sei como é duro para um goleiro ser criticado e ter sua capacidade colocada em desconfiança. Mas ele provou que é um campeão. O Abel também cumpriu uma linda missão no Inter. Ele foi crucificado em 1989, quando perdemos em casa aquela semifinal para o Olímpia. Agora, voltou para recuperar aquela derrota. Ele merecia demais esses dois títulos”.
Sem a obrigação de cumprir a antiga rotina de treinos, jogos, concentrações e viagens, Taffarel é hoje um homem dedicado totalmente à família. Junto com a esposa Andréa (com quem está casado há 20 anos) e os filhos Catherine, 13 anos, e Cláudio André, 12, ele divide o tempo entre Porto Alegre e Parma. Na Itália, onde viveu por oito anos, mantém uma casa, com carros e um caseiro.
“Vamos para lá geralmente nas férias escolares. Passamos um tempo muito legal na Itália e ainda mantemos amigos lá. É sempre bom retornar”, explica ele. “Decidi deixar o futebol também para poder dar mais atenção à minha família. Pode parecer besteira, mas não há preço que pague a alegria de levar os filhos à escola”, desmancha-se o goleirão.
Taffarel deixou o futebol aos 37 anos. E garante que ainda teria condições de jogar, se assim desejasse, embora hoje em dia os seus 1,81m de altura pareçam improváveis para um goleiro que se preze. “Sou um baixinho perto dos goleiros de hoje. Mas, apesar de não ter 1,90m, como a maioria dos goleiros modernos, eu sempre tive uma boa colocação. Também nunca fui de fazer defesas monumentais, mas sempre mantive uma certa regularidade, diz ele, modesto.
Fonte: Atletas de Cristo
Extraído: O Verbo