Stephen Hawking, 76 anos, faleceu nesta quarta-feira, 14 de março de 2018, na Inglaterra. O físico e pesquisador se tornou um dos símbolos principais símbolos da ciência no século XX e também uma espécie de ícone do ateísmo.
A morte de Stephen William Hawking foi comunicada por sua família à imprensa inglesa na manhã desta quarta. Ele vivia em uma cadeira de rodas e era dependente de um sistema de voz computadorizado para se comunicar com as pessoas, devido às intensas e diversas complicações causadas pela doença Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
“Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje. Era um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado viverão por muitos anos”, afirmaram seus filhos Lucy, Robert e Tim, que mantiveram a causa da morte em sigilo.
Biografia
Stephen Hawking casou-se pela primeira vez em 1965, com Jane Hawking e se separou em 1991. Jane, cristã, casou-se com o físico quando os médicos o davam apenas dois anos de vida, em consequência das complicações da ELA, que causa morte dos neurônios motores, que são as células nervosas responsáveis por todos os movimentos do corpo. Aos poucos, os portadores de ELA perdem a capacidade de se mover, de falar, de engolir e de respirar.
Ao longo do casamento com Jane – que durou 25 anos e terminou por decisão de Hawking – o físico tornou-se um dos cientistas mais conhecidos do mundo, abordando temas como a natureza da gravidade e a origem do universo.
No final dos anos 1960, se tornou famoso ao publicar sua teoria da singularidade do espaço-tempo, aplicando a lógica dos buracos negros a todo o universo. Em 1988, publicou o livro Uma Breve História do Tempo, que se tornou best-seller por explicar de forma didática, ao público em geral, as teorias que desenvolveu enquanto pesquisador.
A história de vida do físico viria a público em 1999 com o livro Viagem ao Infinito, escrito por Jane Hawking. 15 anos depois, a versão cinematográfica do livro, A Teoria de Tudo, seria vencedora de um Oscar.
O filme mostrou ao mundo o drama diário de Stephen Hawking, que a certa altura, ficou imobilizado a ponto de conseguir mover, voluntariamente, apenas um dedo e os olhos. Ele usava um sintetizador eletrônico para falar, e a voz robótica produzida pelo aparelho terminou tornando-se uma de suas marcas registradas.
Fé
A ex-mulher de Hawking concedeu uma entrevista em 2015 ao jornal espanhol El Mundo, relatando o conflito diário que vivia enquanto esteve casada com ele, já que constantemente ele “caçoava” de sua fé, classificando-as de “superstições religiosas”.
“Eu entendia as razões do ateísmo do Stephen, porque se à idade de 21 anos uma pessoa é diagnosticada com uma enfermidade tão terrível, vai acreditar em um Deus bom? Eu acredito que não”, afirmou Jane, acrescentando que, ainda assim, se mantinha firme em sua crença.
“Eu precisava da minha fé, porque me deu o apoio e o consolo necessários para poder continuar. Sem minha fé, não teria tido nada, salvo a ajuda de meus pais e de alguns amigos. Mas graças à fé, sempre acreditei que superaria todos os problemas que surgissem”, pontuou.
Em outro ponto da entrevista, Jane disse que a chave de sua resistência “foi precisamente a fé nesse Deus rechaçado pelas teorias cosmológicas do professor Hawking”.
Quando questionada sobre o que pensava a respeito da declaração de Hawking que “o milagre não é compatível com a ciência”, Jane desabafou: “Ele disse isso? Engraçado… porque eu acredito que é um milagre que ele siga vivo. É um milagre da ciência médica, da determinação humana, são muitos milagres juntos. Para mim é muito difícil explicá-lo”, afirmou, fazendo referência ao diagnóstico inicial de que o físico viveria apenas dois anos.
Ao longo do casamento com Hawking, Jane afirmou ter descoberto que “necessitava fervorosamente acreditar que na vida havia algo mais que os meros dados da leis da Física e a luta cotidiana pela sobrevivência”, porque o ateísmo de seu marido “não podia oferecer consolo, bem-estar nem esperança em relação à condição humana”.