A dor de perder um filho é uma das maiores tristezas que alguém pode ter. Para a dona-de-casa Renata Alves de Oliveira, de 32 anos, essa dor durou pouco. Quatro horas após dar à luz sua filha Giovana Vida, dada como morta após um parto prematuro, ela foi informada que a criança, na verdade, estava viva. “É inexplicável, porque ela estava morta. Eu coloquei a mão nela e, para mim, estava morta. Eu sou leiga, mas vi ela nascer sem vida. Foi um milagre de Deus, ela ressuscitou”, afirmou.
A criança nasceu no fim da tarde de sexta-feira (2), no Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, na Zona Leste de São Paulo. Renata estava internada no local desde o dia 28 de dezembro, quando teve um sangramento. “Eu já sabia que era uma gravidez de alto risco, os médicos tinham em alertado. Eu sabia que eram poucas as chances. Mas eu tinha fé que tudo ia dar certo”, explicou.
Segundo a dona-de-casa, a bolsa se rompeu na noite de quinta-feira (1º) para sexta e, até o nascimento, os exames apontavam que a criança estava bem, com sinais vitais normais. O parto normal, entretanto, foi complicado, pois o bebê não estava na posição correta para nascer. Antes de todo o corpo do bebê sair de Renata os médicos já a informaram que a criança estava morta.
“Eu nem cheguei a ver o meu bebê, só a senti. Enrolaram em um pano e me deram uma anestesia geral. Só fui acordar depois”, afirmou. Segundo ela, a causa do óbito da menina, de acordo com os médicos, foi insuficiência respiratória.
A criança foi encontrada horas depois, pouco antes de ser levada para o necrotério, quando aguardava o carro de cadáver, segundo informações do boletim de ocorrência registrado pela família no 81º Distrito Policial, no Belém. Uma faxineira entrou na sala e viu o o bebê se mexendo. “A médica veio no meu quarto e disse que ela estava viva. Ligamos para o meu marido e ele voltou correndo, sem entender. Mas eu só fui vê-la no dia seguinte”, contou Renata, casada com o motorista Alexandre Vieira Goes, de 32 anos.
A dona-de-casa deixou o hospital sábado (3), para registrar o boletim de ocorrência. Entretanto, Giovana continua internada na Unidade de Terapia Intensiva do hospital, onde deve ficar de um a dois meses, segundo a mãe. “Ela nasceu muito pequenininha, com 725 gramas. Mas agora está bem. Tenho apenas medo de que tudo isso possa ter deixado alguma sequela”, afirmou ela, que tem outras três filhas, de 8, 11 e 13 anos.
Possibilidade de erro
Apesar dos apelos aos funcionários do hospital, a mãe não conheceu a faxineira que encontrou sua filha. “Queria dar um abraço nela, agradecer. Ela foi um anjo de Deus naquele lugar, naquela hora”. Para ela, o hospital deve estar preservando a funcionária, dado que foi instaurado um inquérito policial para apurar se houve negligência da instituição no caso.
Acreditando em um milagre – por isso resolveu colocar o nome Vida em sua filha – Renata não acredita que houve erro médico. “Se eu não tivesse tanta fé em Deus, seria negligência médica. E se foi negligência, vai ser apurado e o responsável vai pagar”, afirmou ela, que é evangélica.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, será aberta uma sindicância no hospital para apurar o que aconteceu. Apenas após essa investigação será tomada alguma medida. Por enquanto, não houve afastamento nem punição para nenhum dos envolvidos.
Ainda segundo a secretaria, não foi dada anestesia geral na mãe após o parto. O que ela recebeu foi um tipo de sedativo utilizado para o relaxamento do colo uterino, normalmente utilizado nessas ocasiões.
Fonte: G1