Por ampla maioria dos votos, o parlamento da França aprovou na segunda-feira (4/3) o direito ao aborto como uma garantia constitucional, sendo o primeiro país do mundo a tornar a morte deliberada de bebês no ventre materno um dispositivo protegido pela Constituição.
Dos 925 deputados e senadores do país, 780 foram a favor e apenas 73 foram contrários. A decisão foi comemorada pela presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, que classificou a votação como histórica.
Para a parlamentar, no entanto, ainda “há muito a fazer na questão de igualdade e violência contra as mulheres”, dando a entender que o direito aborto seria um mecanismo de justiça social.
“Tenho orgulho de poder homenagear aqui todos aqueles que escreveram, que agiram e também aqueles que ainda lutam todos os dias, aqui perto ou longe de nós, para que subamos metro a metro o íngreme muro que leva à igualdade entre mulheres e homens”, disse Braun-Pivet, segundo o Correio Braziliense.
Gabriel Attal, o primeiro-ministro do país, também celebrou a decisão do Parlamento francês, dizendo que o seu país superou “uma etapa que ficará para a história, uma etapa que deve tudo às anteriores. Digo a todas as mulheres, dentro e fora das nossas fronteiras, que a era de um mundo de esperança está começando”.
“Cultura do descarte”
No Brasil, a decisão do Parlamento francês gerou críticas. O ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que é médico cardiologista, classificou a medida como reflexo da “cultura do descarte” e legalização do “assassinato”.
“Além de legitimar o assassinato infra-uterino de seres humanos em sua constituição, a efeméride será comemorada no dia internacional da mulher, uma afronta ao direito a vida”, comentou Queiroga. “A França, agora, é o paraíso constitucional dos abortistas. A banalização da cultura do descarte não acontecerá impunimente.”
O pastor Tassos Lycurgo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também reagiu. “Hoje, na França, a vida se tornou constitucionalmente descartável”, comentou.
O jornalista Paulo Eduardo Martins, ex-deputado federal pelo Paraná, também criticou a decisão dos franceses, traçando um paralelo com a questão migratória na Europa.
“Enquanto franceses comemoram o direito de matar seus filhos, imigrantes muçulmanos procriam na França. Em breve haverá um exército de radicais muçulmanos no coração da Europa. Exército detentor de um arsenal nuclear. Será esse o último “presente” dos franceses para o mundo”, escreveu Martins no X.