Fósseis de serpentes escavados recentemente na Argentina, apresentados em um estudo publicado este mês numa importante revista científica, vem sendo repercutido por conta de sua corroboração ao que a Bíblia narra no livro de Gênesis.
O relatório da pesquisa publicado na quarta-feira na Science Advances mostra fósseis intrincados, principalmente de crânios, com quase 100 milhões de anos e pertencem ao extinto grupo de cobras Najash, que ainda mantinha patas traseiras.
Os fósseis sugerem que as cobras perderam as patas dianteiras muito antes do que se acreditava anteriormente, mas também seguraram as patas traseiras por milhões de anos, e ajudarão a entender a transição que esses répteis adquiriram sua forma como conhecemos hoje.
O Gênesis
Essa confirmação sobre a existência de patas nas serpentes antigas serve como reforço do que o capítulo 3 de Gênesis narra nos versículos 14 e 15: “Então o Senhor Deus declarou à serpente: ‘Já que você fez isso, maldita é você entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida. Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar'”.
De acordo com informações do jornal New York Times, o líder da pesquisa, Fernando Garberoglio, descobriu o mais completo fóssil do tipo quando era estudante de graduação em 2013. “Esse crânio agora é o mais completo crânio de cobra mesozóico conhecido e preserva dados importantes sobre a anatomia da cobra antiga”, disse ele.
Garberoglio agora está cursando o doutorado na Fundación Azara na Universidad Maimónides em Buenos Aires, e a preservação excepcional dos fósseis permitiu que ele e seus colegas estudassem mistérios de longa data sobre o desenvolvimento de cobras, como a sequência de eventos que levaram à transformação que deixou as cobras sem pernas.
A equipe examinou os fósseis usando a tomografia computadorizada, uma técnica de imagem que permite que detalhes minuciosos dos fósseis sejam estudados sem danificá-los, e concluíram que as cobras Najash representam uma fase evolutiva desses répteis que perdurou por eras, já que elas mantinham duas pernas que funcionavam perfeitamente.
Michael Caldwell, paleontologista de vertebrados da Universidade de Alberta e coautor do estudo, comentou a descoberta: “As cobras provavelmente foram um dos primeiros grupos de lagartos a começar a experimentar essa mudança, mas o que é realmente intrigante é que elas também estavam mostrando claramente as características de seus crânios, que são sua especialização”.
Até esse ponto, o “crânio tridimensional quase perfeitamente preservado”, de acordo com o novo estudo, poderia resolver um debate entre os cientistas sobre uma característica esquelética crucial nas primeiras cobras, já que as cobras em seu estado atual não têm um osso jugal, que é análogo a uma maçã do rosto. O crânio descoberto pelos pesquisadores tem um grande osso jugal, esclarecendo o mistério.
A descoberta sugere que, diferentemente das bocas menores, características das cobras modernas e escavadoras, seus ancestrais primitivos tinham bocas maiores com essa estrutura da bochecha: “A ausência do jugal nas cobras há muito é considerada uma ‘característica compartilhada’ definitiva de todas as cobras, fósseis e seres vivos”, disse Garberoglio.
“Este novo espécime 3D de Najash deixa claro que o jugal estava presente em cobras antigas e subsequentemente perdido em cobras modernas”, encerrou.