Nesta sexta-feira chega às livrarias o 7º livro da série, que conta a saga do menino bruxo
Na virada de sexta-feira para sábado, 21 de julho, à meia-noite, livrarias de Londres começaram a vender o sétimo livro da série Harry Potter, fenômeno no mercado editorial infantil. No Brasil ainda serão 21h de sexta-feira, mas os preparativos para o lançamento do livro estão a todo vapor. 'Harry Potter and the Deathly Hallows', que em português tem o título provisório de 'Harry Potter e as Insígnias Mortais', de J.K. Rowling, bateu todos os recordes de pré-vendas nas livrarias e lojas virtuais. No site da Amazon, por exemplo, foram quase 1,6 milhão de cópias compradas globalmente antes de seu lançamento em inglês.
Algumas pessoas, acreditam que esse sucesso é fruto de um pacto feito por Rowling, conhecida como a primeira autora bilionária da história, com satanás. Outras, no entanto, afirmam tratar-se apenas de uma boa história de ficção, com um enredo envolvente e recheado de encantos. Discussões à parte, os livros também geraram uma franquia de filmes de sucesso, que já rendeu cerca de 3,5 bilhões do dólares em vendas de ingressos. No Brasil, acaba de chegar às telas o quinto filme, 'Harry Potter e a Ordem de Fênix', lançado em 11 de julho. O fato é que a saga do menino bruxo tem feito um grande sucesso não só entre crianças e adolescentes, mas também entre os adultos.
De acordo com o autor e designer Paulo Debs, que tem alcançado grande destaque na literatura cristã infantil, J.K. Rowlling juntou os ingredientes certos no seu caldeirão de histórias. “Inegavelmente, os livros de Harry Potter têm em seu enredo pitadas de aventura, mistério, virtudes, magia e fantasia. É a receita usada pelos clássicos contos de fadas: o herói luta contra o mal, provando o seu valor. Tudo o que, não só as crianças, mas adultos também gostam, e isso associado à poderosa magia do marketing. As empresas o elegeram como uma alavanca para o mercado editorial”, afirma.
Considerado o primeiro fenômero cultural de massa deste primeiro século do terceiro milênio, Harry Potter tem, realmente, muitos pontos a seu favor no que diz respeito à divulgação. A psicóloga e mestre em educação, Elaine Cruz, compartilha da mesma opinião de Paulo Debs e acredita no grande efeito que a mídia. “Há um grande jogo de marketing, o que ajuda a vender o livro, pois o lado místico cria um suspense que alimenta a adrenalina e o interesse dos leitores. Além disso, o mundo competitivo que vivemos hoje, onde ter alguns produtos e informações privilegiadas determinam status explica a necessidade das pessoas tentarem competir entre si a respeito de 'quem já leu' ou já sabe o final da história”, explica.
E as estratégias de marketing têm funcionado bem. A estudante Priscilla Amorim, de 16 anos, por exemplo, assume que nunca gostou de ler, mas os livros do 'bruxinho bom', como ela qualifica Harry Potter, fazem parte do seu cotidiano. “Eu adoro o Harry Potter e, no colégio, todo o mundo só fala nisso. Tenho todos os livros e curto mesmo”, declara. A mãe da adolescente, a professora de literatura Maria Clara Amorim, afirma que ficou impressionada com o interesse da filha. “A Priscilla nunca gostou de ler nem histórias em quadrinhos. Quando a percebi pra cima e pra baixo com um livro de mais de 500 páginas nas mãos, me espantei. Certo dia, peguei o exemplar para dar uma olhadinha e me deparei com uma história inteligente e bem construída. Como educadora, não posso negar isso, mas como mãe e evangélica, não gostei da idéia de ver minha filha lendo um livro onde a magia é vista como algo positivo. Decidi não proibir, mas comecei a acompanhar mais de perto a leitura e as reações dela e aproveitei a oportunidade para apresentá-la a outros livros. Hoje ela lê mais e não só os livros da série Harry Potter. A minha experiência foi positiva, mas é necessário que o pai acompanhe o desenvolvimento do filho e entenda as suas reações”, aconselha.
Paulo Debs acredita que o que aconteceu com Priscilla e com sua mãe é algo muito natural, quando o relacionamento é baseado em diálogo e compreensão. “O advento Harry Potter tem como elemento motivador a 'febre' que ele alastrou pelo mundo. Quem não lê está por fora, assim como foi com 'O Senhor dos Anéis', 'Cavalo de Tróia' e outros. É cult ler esses temas. Os filhos pressionam os pais para não serem excluídos dessa massa. É impressionante ver um garoto ler um livro de 700 páginas só pelo desejo de participar desse teatro mundial da leitura, ainda mais sendo um brasileiro que não tem essa cultura européia. Quanto aos pais evangélicos, fantasia é saudável à criança, assim como Bíblia também. Se o pai tiver a certeza que o seu filho tem maturidade espiritual suficiente, nada mal”.
Para a arquiteta Lucicléia Gomes, as coisas são mais complicadas do que se possam parecer. “A Palavra de Deus abomina a feitiçaria de forma contundente e eu não compartilho com aquilo que não glorifica o Seu nome. Em Provérbios está escrito: 'Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele', e eu acho que essa deve ser a postura de um servo de Deus. Devemos educar os nossos filhos e inculcar a Palavra em suas mentes, não permitindo que as coisas do mundo sejam agradáveis aos seus olhos. Não acho certo incentivarmos que leiam esses livros ou levá-los ao cinema para assistir a esses filmes. Algumas pessoas podem achar que é fanatismo, mas prefiro entender como reverência ao Senhor e temor diante daquilo que sei que não edifica”.
Segundo Paulo Debs, os costumes do mundo sempre exigiram dos cristãos, uma posição. “Sabemos que Satanás atua neste mundo, conspirando em tudo contra o Reino de Deus. Nossa preocupação é saber se é da vontade do Senhor ter contato ou não com tais filmes, livros ou qualquer outra coisa. A glorificação de Deus deve ser em tudo o que fazemos. Precismos nos questionar 'Será que glorifiquei a Deus lendo um livro ou assistindo a um filme de Harry Potter?'. Eu assisti e afirmo que minha consciência não me condenou. Meu filho não está menos cristão por causa disso e nem eu. Só sei que depois de assistir o filme eu tive algumas idéias para o Reino de Deus. Somos cristãos, mas cada um reage de uma forma às manifestações mundanas. Alguns retendo tudo; outros, aquilo que lhe acrescenta algo de bom. No meu caso e no do meu filho, criatividade, fantasia e boas sensações. Mas cada um é cada um, e cada caso é cada caso”.
Fonte: Elnet