A Igreja Católica está realizando uma conferência na Universidade Gregoriana do Vaticano para debater medidas efetivas contra os casos de pedofilia na Igreja. Porém, em relação ao Brasil, a Igreja “não tem ideia” de que medidas tomar para combater essas práticas.
A declaração foi feita pelo padre Edênio Valle à Agência France Press, durante entrevista para comentar a situação da pedofilia dentro da Igreja Católica no Brasil. O padre, que é psicólogo e conselheiro da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que, no país, a pedofilia “é mais tolerada culturalmente” do que em outros países do ocidente.
Segundo o padre, é necessário um planejamento de ações a serem tomadas, porém isso não está sendo feito: “Medidas e procedimentos efetivos por parte da Igreja no curto, médio e longo prazo, até onde eu sei, não estão sendo planejados. Problemas secretos não são debatidos seriamente”, afirmou.
O padre, que também trabalha com orientações a padres com dificuldades nesse sentido, ressaltou que no Brasil “não há locais de amparo, recuperação e cuidado para as vítimas. Geralmente, elas são apenas removidas da cena”.
Porém, o padre Valle fez questão de frisar que há boa vontade por parte dos líderes católicos brasileiros, motivada pela insistência do Vaticano de cobrar “respostas urgentes e competentes”, mas a questão cultural tem atrapalhado, no ponto de vista dele: “Esta moderação relativa em relação aos escândalos dos padres católicos é devido ao fato de que a pedofilia e a efebofilia são comportamentos culturalmente mais tolerados no Brasil do que na Europa ou na América do Norte”, explica. A “efebofilia” é a definição do comportamento sexual de um adulto que tem preferência por adolescentes.
Finalizando, o padre Edênio Valle afirmou que os bispos brasileiros precisam agir rapidamente e adotar uma posição clara e frontalmente contrária aos casos de abuso sexual, não apenas dentro da igreja, mas também em toda a sociedade. Os escândalos de abuso sexual na Igreja Católica vêm sendo revelados há anos e, segundo informações de funcionários do Vaticano, há inúmeros casos que ainda não foram revelados.
Fonte: Gospel+