Depois de retirar apoio a 22 deputados federais envolvidos no escândalo dos sanguessugas, a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) direcionou sua poderosa máquina de comunicação para a renovação da bancada.
Cultos se transformaram em palanques favoráveis ao candidato ao governo do Rio Marcelo Crivella (PRB). A prática é proibida no item 3 da Instrução 107 do Tribunal Superior Eleitoral.
“Quantos votos você consegue para o senador Crivella, irmã?”. A pergunta, nada religiosa, foi feita na noite de quarta-feira nos minutos finais do culto na Catedral Mundial da Fé da Iurd, em Del Castilho. Microfone em punho, o pastor Romualdo Panceiro coordenava o coro de milhares de vozes num verdadeiro palanque da fé. “Qual é o número do bispo Léo?”, perguntava. A resposta da multidão era o número de Léo Vivas (PRB), deputado estadual e candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Na sessão de quase duas horas – presenciada por O Dia -, Romualdo também conclama os fiéis a vigília de sete semanas, iniciada no último domingo e que terminará, coincidentemente, no dia da eleição. Nessa hora, o pastor distribui aos “irmãos” pequeno cartão, com o Salmo 13, mesmo número da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apóia Marcelo Crivella (PRB), membro da igreja.
Segundo o chefe da fiscalização eleitoral do Rio, Luiz Fernando Santa Brígida, a lei proíbe campanha em templos. “Não pode. É um local de uso comum. Pode ser qualquer culto: budista, Hare Krishna ou evangélico”.
No culto de sexta-feira, o pastor Milton pediu aos fiéis que erguessem a “Cruz da Revolta”, para orar pelo “bispo Crivella” e pela multiplicação dos votos para ele e candidatos da igreja.
Uma oração para a multiplicação dos votos
Discurso do pastor Milton aos fiéis: “Segure sua cruz, levante-a aos céus. Oramos agora, meu Pai, pelo bispo Marcelo Crivella. Ele que tem lutado aí fora para mostrar o que de fato pode fazer pelo Rio de Janeiro, meu Deus. E que o voto possa se multiplicar entre nossos familiares. Abençoe, meu Deus, o bispo Léo Vivas, que vem como deputado federal, e a obreira Beatriz, que vem como deputada estadual. Ah, Deus! Juntos, iremos fazer a diferença na cidade do Rio de Janeiro”.
Fonte: Terra