Com o objetivo de promover a inclusão social de deficientes auditivos, a Igreja Batista Betânia, no Rio de Janeiro, realizou o primeiro “Baile para Surdos”. O evento aconteceu no Jardim Sulacap, bairro da Zona Oeste do Rio.
Para fazer os frequentadores do baile sentirem a música, o ambiente foi preparado com muito cuidado, e as músicas selecionadas com cuidado. De acordo com o site Extra, das seis caixas grandes e amplificadas colocadas no local, algumas foram viradas para as paredes e outras aumentavam o impacto da música viradas para o chão, em cima de tablados. Dessa forma as vibrações das músicas foram literalmente transmitidas para o ambiente, podendo assim ser sentida pelo público.
– A ideia é colocar o som no grave para aumentar as ondas de vibração. Eles sentem a vibração, captam o ritmo e dançam – explicou a responsável pelo baile, Aline Albuquerque, de 30 anos. Aline é integrante do Ministério Efatá, que trabalha na igreja com ações sociais para pessoas com deficiências.
A festa foi aprovada pelos presentes, como o gari Aleandro Lopes, de 34 anos, que perdeu a audição na infância, e quis sentir novamente a vibração das ondas sonoras de cada música no Baile para Surdos.
– Eu frequentava o baile funk do Grêmio de Realengo, mesmo sem ouvir nada. Ia com amigos, dois surdos e o resto ouvinte. Lá, ficava juntinho das caixas de som. A roupa mexia, e eu dançava – contou Aleandro, em Libras.
A esposa de Aleandro, Zaira Moraes, de 37 anos, que é surda de nascença também curtiu muito o baile promovido pela igreja.
– Me senti ótima aqui. Deu até para lembrar os velhos tempos. Eu frequentava pagode e forró. E dançava em festas de casamento — disse Zaira, grávida de 8 meses.
A iniciativa da igreja surpreendeu até mesmo o DJ Fagner Henrique, de 27 anos, contratado para tocar na festa. Mesmo experiente, o DJ conta que ficou balançado quando recebeu o convite da igreja, para tocar para quem não ouve nada.
– Contei para alguns amigos, e eles me perguntaram se faria mímicas. Mas escolhi as músicas que têm mais grave e, quando vi eles dançando, fiquei surpreso. Agora, como fazem para traduzir a música para a emoção, eu não sei explicar – relata.
Apesar de ter sido promovido por uma igreja, o baile não foi uma festa gospel. Aberta a todas as religiões, a festa contou com um repertório composto por música eletrônica, de preferência, como a de David Guetta.
Por Dan Martins, para o Gospel+