O ator e advogado Romeu Prisco criticou as disputas promovidas pelas igrejas evangélicas neo-pentecostais brasileiras, em artigo escrito para o site Direto da Redação.
Intitulado “Briga de cachorros grandes”, o artigo menciona os escândalos envolvendo as igrejas Mundial, Universal, Internacional da Graça, Renascer, Assembleia de Deus Vitória em Cristo e Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Prisco frisou que suas críticas são contra o que classificou como “espertalhões” do evangelho: “Quero deixar bem claro que este texto não se refere ao evangelismo propriamente dito, mas sim aos espertalhões que dele se valem para obter rápido enriquecimento, lícito apenas na aparência”.
Prisco menciona a reportagem do Domingo Espetacular sobre o apóstolo Valdemiro Santiago, dizendo que “por trás da citada reportagem, está a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, cuja fortuna teve a mesma origem do seu ‘concorrente’”.
Sobre Silas Malafaia, a quem se refere como “’dono’ da Igreja Vitória em Cristo”, o advogado afirma que apesar do pastor classificar Santiago e Macedo como “farinho do mesmo saco”, ele também recorre às mesmas estratégias para arrecadar doações, dizendo que Malafaia não “deixa de enfatizar nos seus sermões a necessidade de os ‘patrocinadores’ do seu culto cumprirem as obrigações financeiras”.
A polêmica em torno do pastor Marcos Pereira, acusado de incentivar ataques criminosos no Rio de Janeiro, foi abordada no artigo, que classificou como “pesadíssimas”, as denúncias contra o líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias.
O missionário R. R. Soares foi criticado por Romeu Prisco por se valer da proximidade que tem com Edir Macedo e o ministro Marcelo Crivella para conseguir privilégios, como passaportes diplomáticos. Em relação a Estevam e Sonia Hernandes, líderes da Igreja Renascer, o advogado lembrou dos escândalos envolvendo a prisão do casal nos Estados Unidos, afirmando que eles estão “mais ‘discretos’ no momento, porém não menos envolvidos” com o atual estágio das igrejas evangélicas.
Criticando também o governo, por não fiscalizar e coibir tais escândalos, o advogado afirma que o discurso de fé encobre crimes nessas denominações: “Se as suas atividades fossem rigorosamente fiscalizadas pelas autoridades competentes, ver-se-ia que elas se confundem com a prática de estelionato e curandeirismo, fora outros delitos criminais. Entretanto, acontece que o Poder Público prefere as massas anestesiadas e contemplativas, do que as massas lúcidas e reivindicativas. Dão menos trabalho, votam, pagam impostos e não reclamam, na expectativa de manter obediência às recomendações bíblicas”, avalia Prisco.
Confira abaixo o artigo na íntegra:
Num dos últimos programas “Domingo Espetacular” (18.03.2012), a Rede Record divulgou longa reportagem, ancorada por Marcelo Rezende, exibindo parte da fortuna do apóstolo Valdemiro Santiago, “dono” da Igreja Mundial do Poder de Deus, auferida graças às contribuições (dízimos) efetuadas pelos fieis daquela seita evangélica. Seriam fazendas e mais fazendas, compondo extensa área de terras, para exploração de atividade agropecuária.
Isso é que se pode chamar de “briga de cachorro grande”. Por trás da citada reportagem está a Igreja Universal do Reino de Deus, do Bispo Edir Macedo, cuja fortuna teve a mesma origem do seu “concorrente”. A Rede Record está fazendo com a Igreja Mundial do Poder de Deus, o mesmo que a Rede Globo já fez com a Igreja Universal do Reino de Deus.
Por sua vez, o sisudo e altissonante pastor Silas Malafaia, “dono” da Igreja Vitória em Cristo, disse que os “donos” daquelas igrejas, Bispo Edir Macedo e apóstolo Valdemiro Santiago, são farinha do mesmo saco, mas, nem por isso, deixa de enfatizar nos seus sermões a necessidade de os “patrocinadores” do seu culto cumprirem as obrigações financeiras.
Também recentemente, o SBT levou ao ar matéria produzida por Roberto Cabrini, abordando a igreja Assembléia de Deus e as pesadíssimas acusações que recaem sobre seu “dono”, apóstolo Marcos Pereira. O missionário R.R. Soares, “dono” da Igreja Internacional da Graça de Deus, valendo-se da sua aproximação com o Bispo Edir Macedo e o Senador Marcelo Crivela, obteve passaporte diplomático, que até os filhos do ex-Presidente Lula tiveram de devolver ! De quebra, com o crescimento da igreja, sustentada pelos fieis através do pagamento de carnês das “mensalidades”, R.R. Soares passou a vender assinaturas de TV a cabo.
Mais “discretos” no momento, porém não menos envolvidos, no passado, em incidentes “monetários”, quando tentaram entrar nos EUA com elevada quantia de dólares, não declarada, estão a Bispa Sonia e o apóstolo Estevam Hernandes, “donos” da Igreja Renascer. Foram presos, processados, condenados e cumpriram pena em regime domiciliar. Centenas de outras igrejas evangélicas de menor porte estão espalhadas pelo país.
Vários são os aspectos dessas igrejas, que chamam a atenção. O primeiro deles é o tratamento dispensado aos seus titulares, ou responsáveis, chamados de “donos”, como se se tratasse de negócios comerciais, autênticos filões do mercado, ainda não totalmente esvaziados. Aliás, esvaziados estão ficando os templos dos outros credos religiosos. Esses “donos” falam descaradamente em nome de Deus, com a maior naturalidade, como se do Senhor fossem procuradores. Suas igrejas ocupam largos e onerosos espaços na televisão, oferecendo aos fieis os mais variados “pacotes” de cura física e espiritual, com direito à vaga eterna no reino divino. Realizam enormes concentrações e marchas, cada vez angariando mais seguidores.
Antes de prosseguir, quero deixar bem claro que este texto não se refere ao evangelismo propriamente dito, mas sim aos espertalhões que dele se valem para obter rápido enriquecimento, lícito apenas na aparência. Se as suas atividades fossem rigorosamente fiscalizadas pelas autoridades competentes, ver-se-ia que elas se confundem com a prática de estelionato e curandeirismo, fora outros delitos criminais. Entretanto, acontece que o Poder Público prefere as massas anestesiadas e contemplativas, do que as massas lúcidas e reivindicativas. Dão menos trabalho, votam, pagam impostos e não reclamam, na expectativa de manter obediência às recomendações bíblicas.
Sem participarem diretamente da briga, mas, atentos às vantagens que podem ser auferidas pela televisão, estão vários padres católicos, verdadeiros “showmen”, alguns deles despidos da batina, artisticamente produzidos, com “franjinha” no cabelo, cantando, dançando e promovendo a venda dos seus CDs e DVDs. Um padre, este da Igreja Católica Brasileira, de batina e estampa de galã cinematográfico, participou do programa “Superpop”, da RedeTV!, para selecionar candidatas, interessadas em com ele contrair matrimônio ! Foi uma correria de mulheres de todas as idades, proclamando seus dotes morais e exibindo seus atributos estéticos.
Diante de tudo isso, fica difícil duvidar da máxima, segundo a qual “a religião é o ópio do povo”.
Fonte: Gospel+