A legislação eleitoral também impede os evangélicos de massificar os nomes dos seus respectivos candidatos nas igrejas.
A minirreforma eleitoral atingiu também as igrejas e templos das mais diversas religiões. Diferente das eleições anteriores, quando a legislação não era tão rígida, os candidatos estão proibidos de divulgar seus nomes dentro dos templos. Muitos candidatos que são pastores ou ligados a algum segmento religioso evitam até mesmo falar a qual igreja pertencem por receio de serem punidos.
Assim como a maioria dos candidatos realizavam showmícios com cantores famosos em nível nacional, os candidatos evangélicos realizavam shows gospel. “Estamos evitando por causa da legislação”, afirmou o presidente do Conselho de Ministros Evangélicos de Cuiabá e Mato Grosso (Comec), pastor Sérgio Aguiar, que disputa uma vaga na Câmara Federal. Segundo ele, esses shows muitas vezes eram realizados dentro das igrejas.
Mas, mesmo com a legislação mais rigorosa, existem meios de relacionar a política à religião. É o chamado papel político da Igreja. Para isso, os candidatos do segmento religioso trabalham as causas cujos temas podem ser discutidos dentro dos templos, sem necessariamente citar o nome dos candidatos.
“Estamos trabalhando a conscietização. Tem sete projetos que estão tramitando no Congresso Nacional e que estão relacionados às causas da Igreja que nos posicionamos contrariamente”, destacou Sérgio Aguiar, que é pastor na Igreja de Deus no Brasil.
A comunidade evangélica em Mato Grosso conta hoje com cerca de 550 mil membros de todos os segmentos. De acordo com o pastor, pelo menos quatro candidatos a deputado federal e oito a estadual disputam esse público. Nas eleições majoritárias, a pastora Gisela Guth de Araújo, do Ministério Apostólico do Evangelho Integral, disputa uma cadeira no Senado.
A Igreja Universal do Reino de Deus, que na eleição passada conseguiu eleger o deputado Nataniel de Jesus, conta hoje com um candidato a deputado federal, Josué de Jesus, e um a deputado estadual, Antonio Brito. Os dois montaram um comitê ao lado da igreja central da congregação, que fica em frente à Praça Ipiranga, na Prainha. Porém o coordenador do comitê, pastor Wilson, não quis falar com a reportagem. Segundo ele, o responsável pela questão política na igreja é o bispo Gilmar da Rosas, que estava em viagem ao interior do Estado.
Na Igreja Assembléia de Deus, os candidatos mais conhecidos são os deputados Sebastião Rezende e Humberto Bosaipo. No entanto, existem outros postulantes. A informação de membros da igreja é que não é permitido fazer nenhum tipo de manifestação eleitoral dentro da igreja.
Na avaliação do presidente do Comec, no entanto, as proibições impostas pela minirreforma facilitaram em alguns casos. “Para quem tem segmento, tem causa para defender, é mais fácil”, ponderou. “Nós não podemos distribuir santinhos dentro da igreja. Quem faz isso perde votos. Então estamos fazendo um trabalho de conscientização fora da igreja”, afirmou.
Fonte: Diário de Cuiabá
Extraído de O Verbo