A irritação do presidente Donald Trump com os indícios de fraude na eleição que foi certificada pelo Congresso dos Estados Unidos, indicando a posse de Joe Biden no próximo dia 20 de janeiro, o levou a uma rota de colisão com seu vice-presidente, Mike Pence, que é evangélico. Em meio à polêmica, um pastor manifestou apoio ao impeachment.
Nos Estados Unidos, o vice-presidente do país é o presidente do Senado, que em casos de empate tem o voto de Minerva. Na sessão de certificação de uma eleição, o vice-presidente preside os trabalhos, e Trump afirmou que esperava que Mike Pence rejeitasse os votos do Colégio Eleitoral para forçar uma recontagem com auditoria.
Como Pence se negou a tentar anular os votos do Colégio Eleitoral na sessão do Senado, Trump reagiu nas redes sociais afirmando que seu vice não tinha tido a coragem necessária para forçar as autoridades responsáveis a investigarem as fortes suspeitas de fraude na eleição.
A reação intempestiva de Trump deixou Mike Pence, seu maior aliado nos quatro anos de mandato na Casa Branca, magoado.
A afirmação foi feita pelo senador Jim Inhofe (Partido Republicano), do estado de Oklahoma. “[As críticas] me incomodaram mais do que qualquer outra coisa. Sempre fui muito próximo do vice-presidente. Ele e eu somos bons amigos próximos e pessoais. Bem, o presidente saiu em uma declaração, em um discurso, eu acho que foi muito desrespeitoso com Pence”, declarou.
O portal The Oklahoman publicou que o senador Jim Inhofe relatou que ouviu do vice-presidente um desabafo: “’Sabe, por quatro anos, fiz tudo o que o presidente queria. Eu tenho sido seu aliado mais próximo, nunca discordei dele’”.
Impeachment
Enquanto a adversária mais feroz de Trump na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (Partido Democrata), conseguiu aprovar o impeachment do presidente na última terça-feira, 13 de janeiro, por 232 a 197 votos, as declarações de um importante pastor conservador norte-americano ressoam entre os cristãos do país.
A acusação contra Trump envolve os protestos violentos no Capitólio, na última semana. Embora o presidente tenha dito para seus apoiadores irem à sede do Congresso, ele pediu que os protestos ocorressem pacificamente, e quando houve a invasão, o presidente foi ao Twitter pedir que os manifestantes fossem para casa, em paz, sem entrar em confronto com as forças de segurança.
O impeachment ainda precisa ser aprovado no Senado, o que não é visto como o mais provável pelos especialistas, permitindo que ele continue no cargo até o fim do mandato.
Entretanto, o pastor Russell Moore, um influente líder da Convenção Batista do Sul, declarou que se ele fosse um deputado, votaria pelo impeachment de Trump. “Uma bandeira americana foi jogada e substituída por uma bandeira Trump, enquanto outro rebelde desfilou uma bandeira confederada no Capitólio. Policiais foram atacados. Líderes congressistas se esconderam enquanto as portas se fechavam para as turbas tentando atacá-los. Pessoas estão mortas. O Capitólio foi saqueado. Funcionários da administração estão renunciando ao cargo em protesto”, contextualizou.
“Onde, finalmente, está seu limite?”, questionou Moore, acrescentando que os Estados Unidos devem “recorrer à nossa Constituição, aos princípios fundamentais desta nação, a fim de resolver isso”.
“Não falo por mais ninguém, só por mim. Mas você merece ouvir de mim o que eu honestamente penso. Se eu fosse o presidente, renunciaria. Se eu fosse o vice-presidente, reuniria o gabinete de acordo com a 25ª Emenda”, declarou o pastor. Essa iniciativa daria ao vice-presidente o poder de declarar Trump incapaz e ele assumiria o posto até o fim do mandato. No entanto, a hipótese já foi refutada por Pence.
Russell Moore, então, manifestou seu apoio à cassação do mandato de Trump: “Se eu fosse um membro do Congresso, votaria pelo impeachment. E se eu fosse um senador dos Estados Unidos, votaria para me condenar. E eu estaria disposto, se necessário, a perder meu assento para isso. Na verdade, estou disposto, se necessário, a perder este assento”, enfatizou, conforme informações do portal Tennessean.