Considerado um dos autores protestantes mais lidos no meio cristão, o pastor e conferencista John Piper publicou um artigo onde questionou o apoio da maioria dos cristãos do seu país ao presidente Donald Trump, candidato à reeleição que ocorrerá no próximo dia 03 de novembro.
O escritor apontou um suposto desequilíbrio na percepção dos americanos com relação ao que condenam. Segundo Piper, os apoiadores de Trump estariam mais preocupados em condenar a ideologia de gênero e o aborto, do que outros pecados aparentemente mais comuns.
“Continuo perplexo que tantos cristãos considerem os pecados de imoralidade sexual impenitente (porneia), jactância impenitente (alazoneia), vulgaridade impenitente (aischrologia), facciosidade impenitente (dichostasiai), e semelhantes, para serem apenas tóxicos para nossa nação, enquanto as políticas que endossam a matança de bebês, a troca de sexo, a limitação da liberdade e o alcance socialista são vistas como mortais”, escreve o pastor.
O questionamento de Piper sugere que os apoiadores de Donald Trump estariam tendo visão seletiva quanto aos problemas que assolam os Estados Unidos, o que é questionável, considerando que alguns deles realmente estão mais em evidência do que outros, dado a tentativa de grupos de esquerda tentarem normatizá-los.
Em outras palavras, como exemplo, cristãos reconhecem que toda imoralidade sexual é pecado, assim como a jactância, mas precisam lutar para manter o mesmo reconhecimento quanto à naturalização da “mudança de sexo” ou do aborto.
Além disso, muitos apoiadores do atual presidente americano entendem que tais pautas são cruciais para a manutenção da liberdade de pregação da Igreja, visto que a normatização de determinadas práticas e ideologias podem acarretar no cerceamento da liberdade de opinião e expressão, o que é bem diferente quando o assunto diz respeito a pecados comuns.
Piper, por sua vez, mantém a sua reflexão crítica quanto à suposta seletividade dos apoiadores de Trump sobre o que consideram condenável.
“Não é desconcertante, então, que tantos cristãos pareçam estar certos de que estão salvando vidas humanas e liberdades tratando como mínimos os efeitos destrutivos da gangrena disseminada do pecado de alta visibilidade, autoritário e formadora de cultura?”, diz o pastor.
A própria noção de liberdade é questionada por Piper em seu artigo publicado no Desiring God. Ele traz esse conceito à pessoa de Cristo e sugere que os esforços dos cristãos não deve se concentrar em figuras políticas que prometem garantir a liberdade.
“Os cristãos comunicam uma falsidade aos incrédulos (que também estão perplexos!) Quando agimos como se as políticas e leis que protegem a vida e a liberdade fossem mais preciosas do que ser um certo tipo de pessoa. A igreja está pagando caro, e continuará pagando, por comunicarmos essa falsidade ano após ano”, conclui Piper.