A jornalista Patrícia Kogut, que possui coluna no jornal O Globo há 19 anos especializada em crítica de TV, esposa do também jornalista e Diretor Geral de Jornalismo e Esportes da TV Globo, Ali Kamel, fez uma publicação onde chama de “indecência” os programas religiosos da TV em uma matéria onde concentra críticas, principalmente, a outras emissoras.
Com o título de “Pretensão, programação religiosa, bizarrice e escalações erradas”, a matéria de Kogut inicia chamando de “pragas” as programações religiosas e outras como as de “caça-níqueis”, que segundo ela “…afetam a televisão há muito tempo”.
“A CNT é um exemplo dessa indecência”
Pontuando o que seria um ponto positivo para a TV a oferta de programação legendada e dublada pela Warner e Sony aos clientes desses canais, a jornalista que desde 1995 trabalha para a Rede Globo, segue fazendo críticas as quatro emissoras que mais ofertam horários para as programações religiosas, a CNT, Rede Record, Rede TV e Bandeirantes.
“Os programas religiosos, outro clássico, ampliaram sua presença, que já era tentacular. A CNT é um exemplo dessa indecência. A emissora dedica quase a totalidade de sua programação a essas atrações.”, escreveu Kogut em sua coluna online publicada no jornal O Globo.
Chamando também de “coisa” a presença assídua dos programas religiosos, a jornalista ironiza: “…a que horas o pastor R.R. Soares dorme? Aliás, ele dorme?”.
A emissora SBT, principal concorrente junto com a Record da Rede Globo, também não escapou das críticas de Kogut sobre o que seriam os “programas ruins” da TV aberta no Brasil. Após chamar de “façanha” a entrevista concedida por Donald Trump a apresentadora Luciana Gimenez no início do ano, fazendo questão de destacar ter sido “sobre cabelo e vestuário“, comparou Christina Rocha, do programa Casos de família, no SBT, a “mesma escola” de João Cleber, sobre “encenação de dramas inverossímeis”.
Quanto aos “programas ruins” da Rede Globo, Patrícia Kogut fez ressalvas. Se reservou apontar apenas o que chamou de “alguns maus momentos” da emissora que tem grande parte da sua programação dedicada a encenação de dramas inverossímeis, as novelas!
A jornalista mencionou ainda a falta de entusiasmo do público com a séria Supermax, a qual classificou como uma “promessa de um enredo inovador e empolgante” divulgada pela Globo, finalizando com uma crítica ao que é atualmente uma das maiores concorrentes das emissoras de TV na transmissão de filmes e séries, a Netflix, e a repetição de filmes que já estão saturados.
Finalmente, o fato é que na TV aberta brasileira, repleta de programas de fofocas apenas com títulos e cenários diferentes, exploração exaustiva de dramas inverossímeis na dramaturgia ou na realidade de um confinamento, shows de humor com risadas programadas e “especiais” repetitivos, entre outros “atrativos clichês” importados, não deve ser por acaso o motivo pelo qual programas religiosos têm conquistado cada vez mais audiência.