Anunciar as verdades sobre a Palavra de Deus nunca foi uma tarefa fácil, menos ainda nos dias atuais, onde o politicamente correto invadiu o domínio público e passou a ditar, também através das leis, o que pode ser dito ou não. Como resultado, a liberdade religiosa está sob ameaça e dois pastores evangélicos estão sentindo isso na pele.
Os alvos da vez são os pastores Miquéias Oliveira e Rodrigo Mocellin. Ambos gravaram vídeos através do YouTube, onde aparecem fazendo comentários sobre o último desfile das escolas de samba, onde uma delas resolveu falar de Exu, entidade espiritual reverenciada nas religiões de matrizes africanas.
Os pastores explicaram que, com base na doutrina cristã alicerçada nos ensinos da Bíblia Sagrada, Exu está ligado à figura de um demônio, assim como quaisquer entidades espirituais invocadas pelas religiões que acreditam na comunicação e incorporação dos mortos.
Contudo, segundo informações da Folha de S. Paulo, o babalorixá Sidney Nogueira e o advogado e ex-secretário de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Hédio Silva Júnior, resolveram processar os pastores evangélicos por ligarem Exu à figura demoníaca.
Eles também resolveram enviar uma notificação extrajudicial para o YouTube, solicitando a remoção dos vídeos. “Essas postagens veiculam discursos de ódio religioso e de racismo religioso que incitam e induzem os brasileiros a agredirem as religiões afro-brasileiras e seus adeptos”, diz Hédio Silva Júnior.
Liberdade religiosa sob risco
Recentemente, a psicóloga e ativista Marisa Lobo publicou um artigo onde explicou como a liberdade religiosa vem sendo ameaçada no Brasil. Para fundamentar a sua opinião, ela citou o caso de uma escola cristã que foi processada pelo Ministério Público, a pós emitir um alerta aos pais sobre a simbologia associada ao ativismo LGBT+.
O que Marisa chamou atenção, e é muito digno de nota, é que o MP desconsiderou o fato da escola ser confessional e, portanto, notadamente pautada em princípios religiosos. Ao defender a condenação da unidade, órgão chegou a dizer que a liberdade religiosa não deve ser usada para promover “discursos preconceituosos”.
“O que devemos entender de forma primordial”, diz Marisa. “É que esse mesmo argumento será usado contra a Igreja! Se uma escola confessional, cristã, não tem a liberdade religiosa para alertar os pais dos alunos contra as armadilhas do ativismo LGBT+, por que um pastor/padre teria? É aqui onde eles querem chegar, e já estão chegando: na criminalização da pregação feita no púlpito!”.
Em outras palavras, é o que parece estar acontecendo com os pastores processados por fazerem comentários sobre Exu. Isso, porque, é justamente devido à liberdade religiosa que pessoas de religiões distintas podem ter visões divergentes em relação a um mesmo fenômeno ou entidade, o que não significa desrespeito a uma ou outra.
Restringir, pior ainda criminalizar, o fato de pastores evangélicos expressarem o possível entendimento de que Exu é um demônio, é tão grave e ameaçador à liberdade religiosa, quanto impedir que os adeptos das religiões de matrizes africanas realizem seus cultos e apresentem, igualmente, uma visão contrária.
“Se não reagirmos, agora, não demorará muito para que os nossos líderes, que já estão sendo alvos de processos desse tipo, também sejam condenados e punidos por anunciar as verdades da Bíblia Sagrada”, conclui Marisa.