Um enigma científico ou um sinal de fé para os cristãos? O brilho da estrela, que orientou e iluminou o caminho dos três reis Magos até a manjedoura de Jesus em Belém, irradia mistério. A certeza dos mais devotos, enraizada nas palavras da Bíblia sem direito ao vacilar da questão, contrasta com a curiosa procura de explicação pelos cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, para as três aparições do astro dourado.
Seja milagre divino, seja cometa ou dança celestial dos planetas, certo é que a simbologia marca presença em milhares de habitações. A estrela ergue-se na entrada dos presépios ou a adornar o topo das árvores de Natal. Assim sucede também na casa de Arnaldo e de Maria de Fátima que, por um dia, sacodem a solidão na aldeia de Felgueira, em Carrazeda de Ansiães. A chegada dos sete familiares de Lisboa e da Suíça é vivida com a expectativa de ter casa cheia num núcleo quase fantasma, no qual, durante o resto do ano, o casal vive apenas um para o outro.
O reencontro da família é a palavra chave da celebração natalícia por excelência. E, no Vaticano, em Roma (Itália), o Papa Bento XVI elege a valorização da vida humana no momento de recordar o nascimento de Cristo. Palavras marcadas pela polémica gerada em torno da morte provocada do italiano Piergiorgio Welby, que morreu, esta semana, depois dos médicos terem desligado o ventilador que o mantinha vivo há cerca de nove anos. Ficou ainda o apelo ao fim dos preconceitos para gerar a paz.
Paz que os três mil cristãos que vivem em Gaza não celebrarão nas ruas. O conflito interno na Palestina faz com que, no primeiro ano de liderança do Hamas, o Natal seja contido. As decorações natalícias só se verão no interior das habitações. O pinheiro gigante na praça principal ficou sem adornos. A missa da meia-noite e a parada anual foram canceladas. A fé comanda a celebração um pouco por todo o mundo, embora vivida de forma distinta.