Na era das redes sociais, a comunicação entre personalidades do mundo político e da vida pública ocorre de forma escancarada, e nem sempre de modo pacífico, especialmente quando há no meio disso tudo a interferência de mídias que parecem estar mais preocupadas em desinformar do que retratar a realidade dos fatos.
Um exemplo disso foi a troca de farpas ocorrida entre o pastor evangélico Silas Malafaia e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira (18).
O início da discussão ocorreu após Eduardo Bolsonaro, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, declarar em resposta à pergunta de um jornalista que um brasileiro fora do país, de forma ilegal, é uma “vergonha nossa”.
“Um brasileiro ilegalmente fora do país é problema do Brasil, isso é vergonha nossa, para a gente. Uma pessoa, um brasileiro que vai para o exterior e comete qualquer tipo de delito, eu me sinto envergonhado”, disse ele.
Em seguida, Eduardo Bolsonaro contextualizou sua fala ao citar o caso do brasileiro Marcos Arsher, que foi preso ao tentar entrar com cocaína na Indonésia. “Por exemplo, quando foram para a Indonésia e condenados à morte aqueles traficantes, eu fiquei com vergonha, poxa”.
O comentário de Eduardo não repercutiu bem na mídia e também nos ouvidos de alguns apoiadores do governo, como o pastor Silas Malafaia, que interpretou às afirmações do filho do presidente de modo generalizado.
“Eu sou exatamente ao contrário do que pensa Eduardo Bolsonaro. Não tenho vergonha dos brasileiros ilegais que estão em diversas nações poderosas”, escreveu Malafaia em sua conta no Twitter, dirigindo-se especificamente a Eduardo.
“[Os imigrantes brasileiros] não são vagabundos nem pilantras, pelo contrário, trabalhadores que foram tentar a vida fugindo do desemprego. Isso é a maioria deles! O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, ajudaria muito mais ao governo do seu pai, parando de falar asneira”, disparou o pastor.
Silas Malafaia continuou, afirmando que a declaração de Eduardo Bolsonaro é resultado da falta de conhecimento sobre a realidade dos imigrantes brasileiros. “Poderia ter ficado de boca fechada na questão dos imigrantes ilegais brasileiros. Não conhece a realidade da questão. A maioria, quase que absoluta, vai para trabalhar”, conclui o pastor.
A versão de Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro procurou defender sua declaração em uma publicação no Twitter, explicando qual foi sua intenção ao falar de “vergonha nossa”.
“A jornalista me perguntou porque a gente ficava preocupado com os brasileiros que iam para o exterior e eu citei o caso do Marcos Arsher quando ele cometeu o crime de tráfico internacional de drogas ao tentar entrar na Indonésia com cocaína”, disse ele.
Aparentemente, Eduardo indica que a vergonha da qual se referiu foi quanto aos atos criminosos, especialmente praticados por imigrantes ilegais, e não aos brasileiros que saem do Brasil em busca de uma vida melhor.
“Eu falei que isso [o crime de Arsher] era uma vergonha para todos nós brasileiros. Então, certamente um país sério se comporta de forma séria com os seus nacionais”, conclui Eduardo.