O acusado de estupro Jéfferson Junio Rodrigues Silva, 28 anos, que ficou conhecido como o “maníaco da Van”, confessou em depoimento, nesta quinta-feira (31), que já foi por 2 anos pastor da Igreja Universal do Reino de Deus de Caratoíra, em Vitória. Ele foi reconhecido por cinco vítimas que prestaram depoimento na Delegacia de Proteção à Mulher, na Prainha, em Vila Velha, nesta quinta. O advogado de Jéfferson, Clóvis Lisboa, informou que vai solicitar exames para atestar a sanidade mental do cliente para que ele possa ficar detido no Manicômio Judiciário.
Jéfferson informou no depoimento que deixou de ser pastor há um ano pois não aceitou ser motorista de um dos caminhões da Igreja. Depois disso passou apenas a freqüentar os cultos semanais.
O titular do Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha, delegado Luiz Neves, informou que o “maníaco da Van” chamou a atenção da Polícia pela frieza com que prestou depoimento. “Ele chamou a nossa atenção pela sua frieza. Ele é bastante frio e calculista. Contou com detalhes os estupros que vêm ocorrendo desde o mês de janeiro”.
O delegado ainda informou que Jéfferson pode ter mentido para a Polícia pois os depoimentos do maníaco e das vítimas se contradizem. “Encontramos várias contradições entre depoimentos das vitimas e dele. Tudo leva a crer que ele esteja mentindo e omitindo certos fatos. Como, por exemplo, as armas que elas dizem ter visto: um revólver 38 e uma pistola. Ele alega que estava desarmado quando abordou e estuprou as vítimas”.
Por se tratar de crime hediondo, o advogado informou que, provavelmente, ele não vai cumprir a pena que receber. “É um crime hediondo porque, além de roubo, ele estuprou as vítimas. Somando-se as penas pode dar mais de 100 anos de prisão, mas o cumprimento é de apenas 30 anos pela nossa legislação brasileira”.
As mães de três das cinco vítimas que prestaram depoimento na Delegacia de Proteção à Mulher, nesta quinta, não se contiveram e partiram para cima de Jéfferson quando ele deixou a delegacia. “Você vai pagar por tudo que você fez com a minha filha, seu sem vergonha! Queremos justiça!”, gritavam as mães. Elas ainda descontaram a revolta dando bolsadas e unhadas no “maníaco da Van” durante o pequeno trajeto que ele percorreu da delegacia até o carro de Polícia.
O advogado de Jéfferson, Clóvis Lisboa, disse que vai solicitar o exame de sanidade mental de seu cliente por acreditar que ele não é uma pessoa normal. “O que a gente percebe é que o Jefferson não é normal. Eu vou solicitar exame de sanidade mental dele e a segurança para ele e para a família. Entendo que ele tem que ir para o Manicômio Judiciário. Lá seria o melhor lugar para ser investigada a saúde mental dele”.
Lisboa ainda informou que a família de Jéfferson tem sofrido ameaças de morte. “A família dele tem sido ameaçada diuturnamente. Inclusive a mãe e a esposa, ameaçando tocar fogo na Van, porque o carro não é dele. Essa van foi comprada com indenização da esposa. As ameaças às vezes são anônimas, de bilhetes, de colegas de trabalho do irmão dele, que também vem sofrendo ameaças”.
Logo que saiu da delegacia, Jéfferson foi para o Hospital das Clínicas realizar exames para constatar se ele tem alguma Doença Sexualmente Transmissível (DST). Nesta sexta-feira, pela manhã, será ouvida mais uma vítima de Jéfferson na Delegacia de Proteção à Mulher, em Vila Velha.
A reportagem tentou contato com a Igreja Universal do Reino de Deus mas até às 20h desta quinta-feira (31) ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.
Entenda o caso
Após denúncias das vítimas, a polícia passou a procurar o maníaco. Na tarde de terça-feira (29), os agentes foram até o bairro Morro do Quadro onde reside o dono de uma van com as características passadas pelas moças. As jovens, no entanto, não reconheceram o homem como autor dos estupros.
O “maníaco da van”, foi preso depois que o homem detido, em princípio, relatou aos policiais sobre a existência de outro morador do bairro que era proprietário de uma van azul, semelhante à descrita pela polícia.
Os agentes checaram a informação e prenderam Jéfferson Junio Rodrigues da Silva quando ele chegava em casa. Demonstrando frieza, o maníaco acompanhou os policiais e, ao chegar no DPJ de Vitória, uma das vítimas o reconheceu de imediato.
De acordo com o delegado chefe de Polícia Civil, Hélio Moreira, Jéfferson prestou depoimento e confessou todos os crimes. O delegado confirmou, ainda, que o acusado de fato sempre usava uma van azul para estuprar as moças.
Segundo o chefe de Polícia Civil, Jéfferson andava pelas ruas da Grande Vitória e se apresentava como motorista de transporte alternativo para conseguir que as jovens entrassem no veículo. Em seguida, o acusado mudava o trajeto que dizia fazer, anunciava o assalto, levava as moças para lugares distintos e as estuprava.
Jéfferson vinha cometendo os crimes há menos de um mês. O último assalto seguido de estupro aconteceu na sexta-feira (18). Por volta das 22h, quatro jovens, com idades entre 14 e 20 anos, saíam de um evento Gospel realizado na Praia da Costa, em Vila Velha. As adolescentes deram sinal para que a van parasse e, em seguida, perguntaram ao motorista se ele seguiria para o bairro Paul. Alegando que sim, as moças entraram na Topic.
Nas proximidades de um hipermercado localizado na Avenida Carlos Lindemberg, Jéfferson anunciou o assalto e desviou a rota. O maníaco seguiu para Campo Grande, Cariacica, estacionou o veículo entre duas carretas e passou para o banco traseiro da van, onde estuprou as jovens.
Jéfferson Junio Rodrigues da Silva prestou depoimento, foi autuado e vai responder processo por estupro e assalto. No início da noite desta terça-feira, ele foi levado para um presídio da Grande Vitória. O veículo usado para cometer os crimes foi apreendido pela polícia.
Fonte: Gazeta Online