O presidente da Câmara de Vereadores de Dourados, Carlinhos Cantor (PR), disse que um dos motivos que o levaram a determinar a retirada da única faixa colocada pelos poucos manifestantes que compareceram á última sessão do semestre realizada nesta sexta-feira (13 de julho) foi porque “eles zombaram da Bíblia e ofenderam a moral dos vereadores”.
Carlinhos lembrou que, enquanto o vereador Zé Silvestre (PT) – que por sinal votou favoravelmente aos interesses dos chamados Movimentos Sociais, contra o prazo de dois anos para o fim da queima da palha da cana-de-açúcar – lia um trecho bíblico, como prevê o ritual das sessões da Câmara, os manifestantes tentavam interrompê-lo com insultos e palavrões. Um deles chamou o vereador de “rato” e, ao final da leitura, mandou Silvestre e os demais vereadores irem “rezar no inferno”.
Para o presidente da Câmara, além do desrespeito e das ofensas contra o livro sagrado, os estudantes e alguns sindicalistas que foram à sessão ainda chamaram os vereadores de “traidores”, em razão do voto da maioria pela regulamentação do processo de queima da cana, que prevê a substituição desse sistema pela colheita mecanizada até o final de 2008. A faixa contendo os nomes dos seis vereadores autores do projeto substitutivo aprovado na Câmara permaneceu em plenário desde o começo da tarde, e só foi retirada, por determinação do presidente, a partir dos impropérios desferidos na abertura da sessão extraordinária.
Um dos manifestantes, ligado ao Comitê de Defesa Popular, que participou do movimento de protesto na Câmara, chegou a dizer para um estudante que tentava manter a faixa no plenário, quando a segurança da casa cumpria ordens para retirá-la, que era melhor deixar que retirassem “porque já criamos o fato que precisava”, conforme repetiu várias vezes.
“Isso caracteriza bem que eles foram até lá para criar um fato, com o objetivo de ridicularizar, constranger e tentar intimidar os vereadores, o que não vai acontecer enquanto eu for presidente da Câmara. O plenário é um espaço democrático, mas também é um lugar onde se exige respeito”, comentou Carlinhos Cantor, que recebeu várias manifestações de solidariedade dos demais vereadores e dirigentes de entidades da comunidade.
Fonte: Agora MS